A Justiça brasileira tomou uma decisão contundente na última segunda-feira (18), condenando as influenciadoras digitais Nancy Gonçalves Cunha Ferreira e Karollen Vitória Cunha a 12 anos de prisão por injúria racial. O caso, que ganhou notoriedade nas redes sociais, envolve vídeos em que as influenciadoras ofereciam banana e um macaco de pelúcia a crianças negras, despertando um clamor social e condenação pública.
O impacto do caso na comunidade
As crianças envolvidas, que pertencem a uma comunidade em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, sofreram consequências diretas após a publicação dos vídeos em 2023. O sentimento de alívio é evidente para Dilcelaine Vieira, mãe de uma das vítimas, que expressa gratidão pela decisão judicial. “A Justiça está sendo feita porque o que elas fizeram, não se faz com ninguém”, declarou Dilcelaine, referindo-se ao bullying e às ofensas que sua filha enfrentou após o caso.
O ato realizado por Nancy e Karollen não foi uma simples brincadeira, como tentaram justificar. A juíza responsável pelo caso, Simone de Faria Ferraz, foi clara ao afirmar que a conduta das influenciadoras feriu a dignidade das crianças e que as publicações traziam em seu contexto uma grande crueldade. “Elas ridicularizaram as crianças. E o crime ganha contornos de verdadeira monstruosidade quando publicam, sem dó e respeito, suas reações imaturas e inocentes em rede social”, afirmou a juíza.
A responsabilidade das influenciadoras digitais
Com mais de 12 milhões de seguidores, Nancy e Karollen usavam sua notoriedade nas redes sociais para criar conteúdos que, segundo a Justiça, contribuíam para uma forma de “racismo recreativo”. Alexandre Moura Dumans, advogado criminal que acompanha o caso, destacou que essa decisão serve como um exemplo claro de que comportamentos racistas não serão tolerados, mesmo que disfarçados de brincadeiras. “Essa espécie de racismo recreativo, que tem a aparência de uma brincadeira, na verdade, traz uma grande crueldade”, enfatizou.
Apesar da severidade da condenação, a defesa das influenciadoras argumentou que elas não tinham intenção de prejudicar, alegando desconhecimento da gravidade do ato. A juíza, entretanto, rebatou essa afirmação, ressaltando que, em tempos de acesso fácil à informação, não é aceitável que pessoas com uma plataforma tão ampla não soubessem o que constitui racismo. “Nada mais absurdo querer fazer crer que, nesses dias de conhecimento imediato, elas não soubessem o que era racismo”, declarou Ferraz.
O futuro das influenciadoras
Por enquanto, Nancy e Karollen permanecem em liberdade enquanto recorrem da decisão. A defesa afirma ter confiança de que a Justiça reconhecerá a inocência das réus. Entretanto, o caso já provocou uma reflexão profunda sobre o papel das influenciadoras digitais e suas responsabilidades diante do conteúdo que produzem e compartilham.
“Agora eu estou sentindo um alívio, porque a Justiça está sendo feita. Eu estou chorando porque o que meus filhos passaram, o que eu passei, é muito triste, não desejo para ninguém”, desabafou Dilcelaine, reforçando a importância da Justiça neste caso marcante.
Reflexões sobre o racismo nas redes sociais
Este caso deixa uma lição clara sobre as consequências do racismo e como ele pode se manifestar nas redes sociais, muitas vezes de forma sutil, mas igualmente prejudicial. A condenação das influenciadoras é um passo importante para combater práticas racistas e promover um ambiente digital mais respeitoso e inclusivo. A sociedade deve continuar a se mobilizar contra atos de discriminação, buscando justiça e igualdade para todas as crianças, independentemente de sua cor ou origem.
O caso das influenciadoras serve como um alerta para a importância de se ter responsabilidade ao compartilhar conteúdo nas plataformas digitais e os danos que podem ser causados por atitudes aparentemente inofensivas. A luta contra o racismo precisa ser constante, e a justiça é uma ferramenta fundamental para essa batalha.