Brasil, 19 de agosto de 2025
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Investigação dos EUA contra o Brasil abre alternativa para negociações comerciais

Especialistas veem a Seção 301 como uma oportunidade de diálogo para evitar novas tarifas e sanções brasileiras

Com as portas de diálogo praticamente fechadas em meio ao tarifaço que já elevou as tarifas brasileiras em 50%, a investigação dos EUA contra o Brasil sob acusação de práticas comerciais desleais é vista como uma alternativa por analistas. A iniciativa do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) inclui pedidos de manifestação do governo brasileiro, setor empresarial e entidades setoriais, possibilitando que negociações possam reduzir ou impedir a implementação de novas tarifas.

Seção 301 e possibilidades de desescalada

Segundo Bruna Santos, diretora do Brazil Program no think tank Inter-American Dialogue, a Seção 301 oferece uma oportunidade condicional de evitar o aumento de tarifas, desde que o Brasil se comprometa a pontos de questionamento nas negociações. “Essa pode ser uma brecha para ‘desescalar’ o tarifasço, por meio de compromissos técnicos e jurídicos, evitando medidas mais severas”, explica.

Histórico e importância do canal de negociação

Bruna cita exemplos históricos, como a investigação sobre importações de madeira do Vietnã em 2020, que demonstram que consultas dentro da Seção 301 geralmente afastaram a imposição de tarifas completas. O mecanismo é regulamentado e prevê uma via jurídica que reforça a defesa setorial, ao contrário do tarifaço sem regulamentação feito por meio da Lei de Emergência Econômica, que provoca questionamentos jurídicos.

Contexto atual da investigação e ações brasileiras

A investigação abrange práticas do governo brasileiro relacionadas ao comércio digital, interferências em ações anticorrupção, proteção de propriedade intelectual, acesso ao mercado de etanol e desmatamento ilegal. O governo dos EUA sustenta que tais políticas discriminam e prejudicam suas empresas, principalmente do setor de tecnologia.

Fernanda Kotzias, sócia do Veirano Advogados, afirma que negociações ainda são possíveis, embora difíceis, dado o histórico de motivações políticas por trás das ações americanas, incluindo o tarifão de 50%. Ela ressalta que o Brasil pode precisar oferecer algo em troca para encerrar esse capítulo.

Mobilização política e o papel do diálogo

Entidades brasileiras e americanas vêm se mobilizando para participar de audiências e influenciar o desfecho da investigação, como destaca Míriam Leitão em seu blog. Segundo ela, há uma expectativa de que negociações possam surtir efeito, mas é provável que o Brasil precise ceder em alguns pontos.

Perspectivas futuras e estratégias de negociação

Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior, explica que a Seção 301 possui uma regulamentação clara, diferente do tarifaço, permitindo que o Brasil utilize argumentos setoriais específicos, como cotas, para defender seus interesses. Já Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, declarou que o caminho atual deve ser a negociação, oferecendo ‘vitórias’ simbólicas ao governo americano para evitar o pior.

Bruna Santos reforça que, considerando a motivação política dos EUA, especialmente de Trump, a resistência à retirada das tarifas será difícil, mas o diálogo permanece como a estratégia mais viável para evitar impactos ainda maiores no comércio bilateral.

Para mais detalhes sobre o processo e possibilidades de negociar as tarifas, acesse o artigo completo.

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