Nesta segunda-feira, os Estados Unidos implementaram uma ampliação significativa de tarifas sobre produtos derivados de aço e alumínio, que agora atingem mais de 400 itens de consumo, como motocicletas, utensílios de mesa e equipamentos pesados, segundo anúncio do Departamento de Comércio. A medida, aprovada na sexta-feira passada, entra em vigor sem exclusions para mercadorias em trânsito e gera preocupações na indústria global.
Tarifas ampliadas impactam lista de produtos e comércio internacional
De acordo com o comunicado oficial, itens como turbinas eólicas, componentes de máquinas agrícolas, tratores de esteira e vagões ferroviários passarão a ter uma tarifa de 50%, quota aplicada a todos os produtos que utilizam derivados de aço ou alumínio, independentemente do país de origem. A decisão surpreendeu importadores e despachantes aduaneiros, que tiveram pouco tempo para se adaptar às mudanças.
Reações e desafios ao cumprimento das novas obrigações
“A implementação foi rápida e confusa, especialmente para cargas já em trânsito”, afirmou Shannon Bryant, despachante aduaneiro de Michigan, em entrevista à Bloomberg News. “Para muitos, a conformidade virou uma verdadeira ‘emboscada’ pelo próprio governo”, acrescentou. Bryant ainda destacou que a complexidade de determinar a porcentagem de materiais envolvidos torna a conformidade um ônus enorme para pequenas empresas.
Expansão do alcance das tarifas e sua repercussão
O aumento das tarifas reflete a estratégia de Trump de fortalecer a indústria doméstica — originalmente iniciada em 2018 — ampliando, agora, a lista de produtos afetados. “Se é metálico ou matéria-prima para metal, provavelmente está na lista”, afirmou Brian Baldwin, vice-presidente de alfândega na Kuehne + Nagel, em publicação no LinkedIn. “É uma mudança estratégica na regulação de derivados de aço e alumínio”, completou.
O impacto econômico, no entanto, é amplamente preocupante. Estimativas do professor Jason Miller, da Universidade Estadual de Michigan, indicam que cargas avaliadas em cerca de US$ 328 bilhões podem ser afetadas pelos novos tarifamentos, representando um aumento de seis vezes em relação a 2018. Além da maior abrangência, há o temor de uma guerra tarifária prolongada, com novas tarifas sobre cobre e outros metais previstos para o futuro.
Reação internacional e possíveis desdobramentos políticos
Países como Brasil, União Europeia, Canadá e México vêm se posicionando contra as novas tarifas, considerando-as como uma medida protecionista que prejudica o comércio global. Segundo fontes diplomáticas, o Brasil enviou uma mensagem oficial de protesto à administração Trump, lembrando que a extensão das tarifas viola acordos de comércio e prejudica exportadores brasileiros.
“Respeitamos a legislação americana, mas acreditamos que essas tarifas representam uma abordagem protecionista desproporcional”, declarou uma fonte do Itamaraty. Analistas avaliam que a estratégia de Trump também serve como uma pressão para negociações futuras, incluindo possíveis revisões tarifárias com o Brasil no contexto de investigações comerciais em andamento.
Perspectivas e próximos passos
Especialistas alertam que a política tarifária de Trump ainda pode evoluir, com novas listas e aumentos previstos. Congresso e setor industrial manifestam preocupações com o impacto na cadeia de suprimentos e os custos finais ao consumidor americano.
Enquanto isso, exportadores brasileiros e outros importadores seguem monitorando os desdobramentos dessa política, que pode afetar o comércio bilateral e a competitividade das empresas. A complexidade da conformidade e o amplo alcance das tarifas continuam sendo desafios para todos os envolvidos.