A Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou nesta quinta-feira (19) sua projeção para as exportações brasileiras em 2025. A estimativa caiu de US$ 347,3 bilhões para US$ 341,9 bilhões, uma baixa de US$ 5,4 bilhões em relação ao primeiro trimestre deste ano.
Impacto das tarifas dos EUA nas exportações brasileiras
A nova projeção ocorre em meio ao tarifão imposto pelo governo de Donald Trump, que aumentou as tarifas de mais da metade dos produtos brasileiros vendidos aos Estados Unidos. Segundo cálculos da entidade, essas sobretaxas podem elevar o custo de venda em 50% para diversos setores.
“Grande parte da redução nas exportações se deve ao aumento das tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros. É importante que essas taxas adjacentes sejam reduzidas, pois as medidas compensatórias anunciadas pelo governo são positivas, mas insuficientes para substituir o mercado americano para muitos setores”, afirmou Mário Sérgio Telles, diretor de Economia da CNI.
Medidas do governo e desafios futuros
Na semana passada, a equipe econômica do governo anunciou um pacote de apoio às empresas exportadoras, que inclui linhas de crédito subsidiadas, seguro para exportações, adiamento de tributos e créditos fiscais. Entretanto, muitas dessas medidas ainda aguardam votação no Congresso ou regulamentação para entrarem em vigor, devido à necessidade de ajustes nos sistemas bancários.
Cenário de menor crescimento na indústria
Diante do cenário de exportações menores e juros elevados — atualmente em 15% ao ano, a maior taxa dos últimos 20 anos — a CNI ajustou para baixo suas projeções de crescimento do setor industrial em 2025. A estimativa para o crescimento do PIB industrial passou de 2% para 1,7%, enquanto a de expansão da indústria de transformação recuou de 1,9% para 1,5%.
“A demanda por bens industriais não apresenta o mesmo ritmo do ano passado, o que impactou a produção e o faturamento do setor nos últimos meses. A diminuição das exportações e o aumento das importações, em parte por causa da política comercial dos EUA, vão restringir a atividade industrial”, explicou Telles.
Perspectivas e preocupações
Para o diretor de Economia da CNI, a desaceleração da indústria de transformação é preocupante, apesar das medidas setoriais adotadas, como a Nova Indústria Brasil e o Depreciação Acelerada. Segundo ele, o elevado nível de juros e o aumento das importações agravaram o cenário.
Mais detalhes sobre a análise da entidade e o impacto do tarifão dos Estados Unidos podem ser acessados na reportagem do G1.