A Câmara Municipal de Macapá aprovou nesta terça-feira (19/8) a abertura de um processo administrativo para investigar o prefeito Antônio Paulo de Oliveira Furlan (MDB), conhecido como Dr. Furlan. A deliberação ocorreu em resposta a uma denúncia de abuso de autoridade, originada após o prefeito agredir o jornalista Iran Froes durante uma vistoria a obras na cidade. A votação resultou em 12 votos a 10 favoráveis à investigação, que pode resultar na perda do mandato caso o prefeito seja considerado culpado.
Detalhes da votação e da comissão de investigação
A grande repercussão do incidente levou os vereadores a formarem uma comissão responsável pela investigação logo após a votação. O vereador Ruzivan Pontes (Republicanos-AP) foi eleito como presidente da Comissão Processante, enquanto Alessandro Monteiro (PDT-AP) atuará como relator. Alexandre Azevedo (Podemos-AP) completará a comissão como membro. Este grupo terá um prazo inicial de 45 dias, que pode ser prorrogado pelo mesmo período para concluir a investigação sobre a possível quebra de decoro e abuso de autoridade por parte do prefeito. Ao final do processo, um relatório será elaborado e apresentado ao plenário da Câmara.
O site Metrópoles tentou entrar em contato com o prefeito Dr. Furlan para comentar sobre a abertura do processo administrativo, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço permanece aberto para sua manifestação.
Contexto da agressão ao jornalista
O episódio que desencadeou a denúncia ocorreu no último domingo (17/8), quando o prefeito estava em uma vistoria às obras do Hospital Municipal de Macapá, localizado na zona norte da cidade. Durante a visita, o blogueiro Heverson Castro questionou sobre o andamento das obras, que foram iniciadas em 2023. A pergunta, aparentemente simples, gerou a ira do prefeito, que agiu de forma agressiva.
Vídeos gravados no local registram a sequência dos eventos: Furlan empurra um microfone e parte para cima de outro repórter, Iran Froes, aplicando um “mata-leão” em um homem identificado no vídeo. Froes, por sua vez, relata que estava apenas cumprindo sua função de informar e denuncia ter sido agredido por seguranças nestes momentos tumultuados.
Reação da Prefeitura de Macapá
A Prefeitura de Macapá divulgou uma nota oficial sobre o incidente, na qual afirma que o prefeito reagiu a agressões verbais e físicas provenientes de Heverson Castro e de dois outros homens que o acompanhavam. O comunicado também menciona que duas servidoras municipais foram agredidas e já registraram ocorrência na Polícia Civil. Segundo a nota, a equipe do prefeito estava realizando uma atividade oficial no hospital quando foi interrompida por insinuações agressivas.
Em trechos da nota, a Prefeitura expressou: “A Prefeitura de Macapá repudia a conduta de violência ocorrida na manhã deste domingo, 17, durante a Agenda de Cidadania do prefeito Dr. Furlan. A equipe municipal estava em sua primeira visita ao Hospital Municipal de Macapá, na Zona Norte. O blogueiro Heverson Castro, acompanhado de outros dois indivíduos, interrompeu a atividade oficial, agrediu verbalmente o prefeito e ainda tentou agredi-lo fisicamente.”
A nota reafirma que a instituição não tolera qualquer tipo de violência, intimidação ou desrespeito que impeça os trabalhos destinados à população e que medidas legais estão sendo tomadas para responsabilizar os envolvidos, evitando a repetição de situações semelhantes no futuro.
A resolução da situação levantou discussões calorosas entre os membros da Câmara e a população, refletindo a seriedade da conduta dos representantes políticos e a proteção dos direitos dos jornalistas no exercício de sua profissão. O desfecho dessa investigação será crucial para a manutenção da ética e do respeito à liberdade de expressão em Macapá.
O incidente sinaliza uma tendência crescente de defesa dos jornalistas, onde a aggressão por parte de autoridades é frequentemente levada a sério. O poder da imprensa em questionar e fiscalizar é um pilar vital sob a democracia e dignidade da cidadania.
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