Brasil, 18 de agosto de 2025
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Operação do setor elétrico alerta para riscos e necessidade de mudanças regulatórias

No Dia dos Pais, pico de geração de energia solar quase causou colapso no sistema brasileiro, reforçando a urgência de atualização regulatória

No domingo do Dia dos Pais, neste mês, o setor elétrico brasileiro enfrentou um momento de estresse que poderia ter levado a um colapso momentâneo na operação. A causa principal foi uma alta repentina na geração de energia por sistemas de produção descentralizada, como painéis solares residenciais, sem um controle adequado pelo operador do sistema.

Impacto da geração distribuída e riscos à estabilidade

Segundo documento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), obtido por O Globo, entre 13h e 13h30 daquele domingo, a geração distribuída respondeu por 37,6% da demanda de energia, devido ao baixo consumo na data, que coincidiu com o feriado de Dia dos Pais.

Naquele momento, o sistema precisou reduzir drasticamente a produção de usinas hidrelétricas, termelétricas e também cortou 98,5% do potencial de geração da energia eólica e solar centralizadas — ou seja, das usinas de grande porte. O comando do ONS foi para paralisar completamente essas usinas renováveis.

Limites de flexibilidade e o papel do operador

Restaram apenas 2 gigawatts (GW) de geração flexível, que podiam ser manejados pelo ONS. Se essa margem fosse consumida, o operador teria que violar restrições técnicas, como operar usinas abaixo do nível mínimo seguro ou desrespeitar limites de linhas de transmissão, o que compromete a segurança do sistema.

Além disso, o órgão precisa garantir o funcionamento de usinas que controlam a potência reativa e a inércia do sistema elétrico, funções essenciais para a estabilidade da rede. Sistemas descentralizados de geração, como os painéis solares residenciais, dificultam essa tarefa.

Necessidade de atualização regulatória e tecnológica

O documento do ONS reforça a importância de mudanças regulatórias que possibilitem uma coordenação mais eficiente dos recursos energéticos distribuídos, garantindo a confiabilidade do sistema mesmo em cenários críticos. Isso envolve o uso de novas tecnologias, como baterias e sistemas de armazenamento de energia, além de ajustes na regulação vigente.

Segundo especialistas, a situação do último domingo evidencia a vulnerabilidade do sistema e a urgência de uma revisão na gestão da matriz energética brasileira, que atualmente possui uma regulação que não acompanha o crescimento de fontes descentralizadas.

Desafios adicionais na transição energética

O evento reforça também que, para garantir a segurança operacional, é necessário avançar em uma agenda que contemple o aumento de tecnologias como baterias, soluções de armazenamento e automação, além de implementar leilões frequentes de energia, o que ainda está parado pelo governo.

Desde o caso do Dia dos Pais, fica clara a necessidade de adaptação da regulação e das tecnologias para evitar riscos futuros, especialmente em momentos de maior alta ou baixa demanda de energia, além de promover uma transição energética segura e eficiente no Brasil.

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