No último sábado, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), lançou sua pré-candidatura à presidência da República. O evento contou com a presença de dois importantes aliados do partido no Paraná: o ex-deputado Deltan Dallagnol, que estava com uma camisa estampada com “Fora Moraes”, e o advogado Jeffrey Chiquini, que usava a estampa “Free Bolsonaro”. Essas escolhas refletem a estratégia do Novo em se posicionar como uma alternativa ainda mais próxima de Jair Bolsonaro do que o próprio PL, partido do ex-presidente.
Deltan Dallagnol e a relação com Ratinho Júnior
Deltan Dallagnol, que foi cassado em 2023 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), conta com o apoio do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). Ao longo dos últimos anos, Deltan tem estreitado laços com Ratinho, que está trabalhando para compor uma chapa presidencial robusta em torno de Zema. Atualmente, Ratinho está gerenciando as articulações políticas em seu estado e buscando unir seu grupo ao redor de um adversário comum: o senador Sergio Moro (União Brasil), que deverá concorrer ao governo paranaense com um candidato indicado por ele.
A estratégia do Novo no cenário paranaense
No cenário eleitoral atual, Ratinho está considerando um “palanque duplo” no Paraná, que incluiria Paulo Martins como candidato ao governo e um possível indicado do PSD, como o secretário de Cidades, Guto Silva. Essa nova configuração reflete a busca do Novo por ampliar sua base de apoio e se consolidar como uma força relevante na política paranaense.
Relação entre Deltan e Moro
As tensões entre Deltan Dallagnol e Sergio Moro, ambos ex-integrantes da Operação Lava Jato, começaram a se intensificar após a cassação de Deltan. Os ministros do TSE afirmaram que ele deixou o Ministério Público como uma tentativa de evitar punições, o que foi visto como uma violação da Lei da Ficha Limpa. A falta de solidariedade pública de Moro naquele momento deixou os aliados de Deltan frustrados. Apesar de Moro ter feito algumas manifestações em apoio ao ex-colega, sua ausência em atos promovidos em Curitiba foi notada e criticada por muitos.
Essa ruptura nas relações entre os dois ex-colegas ficou evidente no desenrolar da política paranaense. Deltan radicalizou seu discurso contra o governo Lula, enquanto Moro adotou uma postura mais moderada. A situação se agravou com a indicação de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF), quando Deltan pediu aos senadores que votassem contra, enquanto Moro estava em clima amigável com Dino durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O futuro de Deltan na política
Com a cassação pelo TSE, a dúvida permanece se Deltan estará inelegível para concorrer às eleições nos próximos oito anos. Juristas ainda debatem a legalidade da sua situação. No entanto, no ano passado, ao se preparar para concorrer à prefeitura de Curitiba, Deltan obteve um parecer favorável do juiz Irineu Stein Junior, que decidiu que ele não estava inelegível. Essa decisão foi impactante, visto que o ex-deputado já aparece entre os pré-candidatos em diversas pesquisas eleitorais.
Apoios e perspectivas
A controversa trajetória de Deltan e as alianças que ele está formando podem impactar significativamente o cenário político do Paraná nas próximas eleições. Com o apoio de Ratinho Júnior e a clara busca por uma posição que reafirme o bolsonarismo, ele parece determinado a se consolidar como uma força no Senado, representando não apenas os interesses do Novo, mas também uma nova ala alinhada ao ex-presidente nas próximas disputas políticas.
O panorama político no Paraná já se mostra complexo e dinâmico, e as movimentações de Deltan, principalmente em torno de sua candidatura ao Senado, serão acompanhadas de perto por analistas e eleitores. O que se pode afirmar é que a corrida eleitoral está apenas começando e as cartas ainda estão sendo distribuídas no jogo político do estado.
