O deputado federal Nikolas Ferreira publicou um vídeo em apoio ao pastor Silas Malafaia, que se tornou o foco de uma investigação relacionada a Eduardo Bolsonaro. O pastor, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, foi mencionado no inquérito que investiga se Eduardo cometeu crimes de coação no curso do processo e obstrução de investigação em relação a seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O apoio de Nikolas Ferreira e suas declarações
No vídeo, Nikolas Ferreira expressa seu descontentamento com a situação, argumentando que a inclusão de Silas Malafaia na investigação é uma ameaça à liberdade de expressão e de atuação política. “O Silas não é deputado, não é senador. Ele é um pastor. Daqui a pouco, não vai sobrar nenhuma voz aqui no nosso país. Esse é o caminho da democracia? Eu não acredito que esse seja um caminho democrático que a gente está seguindo”, afirmou o deputado, em um desabafo que foi amplamente compartilhado nas redes sociais por Malafaia.
Além de se posicionar em defesa do pastor, Nikolas também fez questão de lembrar a seus seguidores que “não precisam gostar dele ou serem cristãos”, enfatizando que a questão maior é “focar na mensagem, não no mensageiro”. Essa declaração é particularmente relevante, dado o contexto político tenso no Brasil e a polarização em torno da figura de Malafaia, que em diversas ocasiões tem se manifestado de maneira contundente sobre temas políticos e sociais.
Cenário de tensão entre Malafaia e o bolsonarismo
Apesar do apoio de Nikolas, a relação entre o pastor e o deputado tem sido tumultuada. No passado, durante a campanha eleitoral municipal, Malafaia e Nikolas trocaram farpas, principalmente quando o deputado manifestou apoio à candidatura de Pablo Marçal para a prefeitura de São Paulo, em contraste com o apoio do PL a Ricardo Nunes. Na época, o pastor não poupou críticas ao posicionamento de Nikolas, o que levantou questões sobre a unidade da bancada evangélica em torno das candidaturas de direita.
Malafaia chegou a criticá-lo, descrevendo Nikolas como “chapeuzinho de dois bicos” e refletindo sobre a relativização do crime de falsidade ideológica, em um episódio que envolveu o exame toxicológico falso de um concorrente. “Que direita é essa que faz igual à esquerda? Os amigos podem fazer crimes?”, indagou o pastor em entrevistas, sublinhando seu desapontamento com a postura de alguns aliados.
Reações de aliados
Além do apoio de Nikolas Ferreira, o pastor recebeu solidariedade de outros líderes. O Conselho Interdenominacional de Ministérios Evangélicos do Brasil também se manifestou, considerando a inclusão de Malafaia no inquérito como “imprópria” e “injusta”, e ressaltou a necessidade de defender a liberdade religiosa no país.
O deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), líder do PL na Câmara, referiu-se à inclusão do pastor na investigação como um “absurdo”, afirmando que Silas Malafaia nunca havia cometido crimes por expressar suas opiniões ou organizar atos pacíficos. Segundo ele, “criticar ministros do STF não é crime. Defender impeachment não é crime”, reafirmando a posição de que a perseguição política não deve alcançar líderes religiosos.
Eduardo Bolsonaro também compartilhou um vídeo onde Malafaia critica a investigação, reforçando o laço entre eles. Fabio Wajngarten, ex-secretário de comunicação do governo Bolsonaro, comentou que “não se deve mexer com líderes religiosos” e descreveu a situação como “outra barbaridade que tem data de validade”.
Contexto e consequências da investigação
A investigação em questão se originou de atos políticos organizados por Malafaia em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O pastor foi um dos principais mobilizadores de manifestações que ocorreram no último dia 3, durante as quais o ex-presidente participou remotamente. Após esses eventos, Malafaia foi alvo de prisão domiciliar determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantando ainda mais questões sobre a liberdade de expressão e a atuação de líderes religiosos na política brasileira.
Enquanto o debate sobre a inclusão de Silas Malafaia na investigação e suas impicações para a liberdade de expressão e religiosa avança, os desdobramentos desse caso continuarão a afetar o cenário político brasileiro, especialmente entre os aliados de Bolsonaro e suas bases eleitorais.