Em meio a uma intensa crise humanitária na Faixa de Gaza, a população israelense tomou as ruas em protesto, clamando por ações do governo em prol da libertação dos reféns mantidos pelo Hamas. As manifestações, que reuniram pelo menos um milhão de cidadãos em Tel Aviv e em outras cidades, refletem um crescente descontentamento com a continuidade da guerra, que já dura mais de 680 dias.
O clamor por paz e libertação dos reféns
No último domingo, a capital israelense foi palco de uma das maiores mobilizações desde o início do conflito. Organizado pelo Fórum das Famílias dos Reféns, o protesto atraiu cerca de meio milhão de pessoas apenas em Tel Aviv, com estimativas sugerindo que o total de manifestantes pelo país superou a marca de um milhão. Os participantes exigiram que o governo chegasse a um acordo para a libertação dos cidadãos israelenses sequestrados, manifestando um desejo coletivo por paz e uma cessação das hostilidades.
“Todo o povo de Israel quer a libertação de todos os reféns e o fim da guerra”, afirmou o Fórum em uma declaração divulgada ao Times of Israel. Esta mobilização segue um cenário de crescente insatisfação popular em relação à estratégia militar do governo, que se vê pressionado a reconsiderar sua abordagem diante da opinião pública.
A situação crítica em Gaza
As condições de vida para os civis em Gaza continuam a se deteriorar. O pároco da Sagrada Família, padre Gabriel Romanelli, reportou situações alarmantes em um de seus últimos boletins. “As crianças ainda precisam de tudo”, denunciou, mencionando que, apesar de algumas ajudas alimentares estarem sendo distribuídas, a sequência de evacuações e a falta de alimentos persistem.
As informações sobre a situação nas paróquias de Gaza indicam que o fornecimento de alimentos é irregular e, em muitos casos, insuficiente. A realidade é ainda mais difícil com a chegada de notícias sobre planos de evacuação e a necessidade de mais assistência humanitária, já que o povo vive em condições extremas.
Denúncias internacionais sobre a fome
De acordo com a Anistia Internacional, as condições de fome e as enfermidades em Gaza não seriam meramente consequências das operações militares israelenses, mas parte de uma política deliberada que visa causar a deterioração das condições de vida dos palestinos. A ONG denunciou que as táticas israelenses têm intencionalmente infligido sofrimento aos civis, resultando em um cenário de calamidade absoluta.
Enquanto isso, as negociações para um cessar-fogo ganham novo impulso, com a mediação do Egito e do Catar. O xeque Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al Thani, Primeiro-Ministro do Catar, anunciou sua chegada ao Egito para discutir possíveis acordos que possam sanar a crise humanitária em Gaza.
Contagem crescente de vítimas
Com a ofensiva militar sem tréguas, novos relatos de mortos entre os civis surgem a cada dia. Apenas nas últimas 24 horas, informações da Al Jazeera indicam que 11 palestinos foram mortos em ataques do Exército israelense. Dentre eles, quatro aguardavam ajuda humanitária. No domingo, a situação foi similar, com 57 vítimas registradas, sendo 38 delas mortas enquanto tentavam obter alimentos.
A entrada de caminhões com ajuda humanitária na Faixa de Gaza, embora positiva, ainda é muito aquém do que o total de necessidades da população. Recentemente, cerca de 320 caminhões carregados de suprimentos lograram entrar na região, mas a distribuição continua se mostrando ineficaz diante do número crescente de pessoas que sofrem com a fome e a escassez de recursos.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) informaram que também foram lançadas pelo ar cerca de 161 toneladas de alimentos provenientes de diversos países, como Itália, Jordânia e Alemanha, mas as necessidades da população permanecem alarmantemente altas.
A situação na Faixa de Gaza continua crítica, com a pressão sobre os líderes internacionais aumentando para encontrar soluções que possam colocar um fim à guerra e proporcionar ajuda humanitária necessária para a sobrevivência dos civis.
As mobilizações e os chamados pela paz em Israel e as denunciadas condições de vida em Gaza evidenciam um clamor por mudança e resolução, quase um grito sufocado de um povo que, por sua vez, busca não só a libertação de reféns, mas a garantia de um futuro sem guerras.