A agência de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) em Detroit realizou uma reunião com um grupo católico de ajuda ao migrante e um congressista democrata, para abordar questionamentos sobre as prioridades na deportação e o uso de máscaras durante as operações, na última semana.
Reunião com lideranças católicas e debates sobre práticas do ICE
Kevin Raycraft, diretor da filial de Detroit do ICE, e outros oficiais convidaram representantes do grupo Strangers No Longer para o escritório em 12 de agosto, após intervenção do deputado Shri Thanedar, D-Michigan. Anteriormente, em julho, o grupo tentou uma audiência ao marchar até a sede do ICE com várias centenas de participantes, muitos católicos, mas teve a solicitação recusada.
Na ocasião, Thanedar explicou que os líderes religiosos “não tiveram acesso à instalação” na primeira tentativa e que a carta enviada pelo grupo naquele momento “não foi aceita pelo ICE”. A reunião de agosto, porém, permitiu uma conversa de aproximadamente uma hora, em que os representantes entregaram o documento e discutiram suas preocupações.
Principais questionamentos e críticas do grupo
O grupo expressou inquietações relativas a “máscaras faciais” e à “falta de identificação” dos agentes durante operações, além de denúncia de prisões realizadas sem mandado federal. Segundo a carta, há também insatisfação com a falta de comunicação do ICE com autoridades locais antes das ações e com a prisão de pessoas que, segundo alegam, não cometeram crimes.
“Este padrão de separação de famílias está tendo um impacto devastador”, afirmaram os líderes na carta, destacando mulheres e crianças, incluindo cidadãos americanos, deixados para trás após as operações.
Victoria Kovari, uma das organizadoras do protesto de julho e presente na reunião, relatou que os agentes foram “muito respeitosos” e ouviram relatos sobre o efeito das ações na comunidade. No entanto, ela afirmou que a equipe do ICE não indicou intenção de modificar suas práticas.
Demandas por uma abordagem mais focada na criminalidade
Kovari contou que abordou os agentes sobre casos envolvendo detenções com veículos não marcados, o uso de máscaras e rifles, além de pessoas sem crimes violentos que foram detidas por ICE. Ela também pediu uma maior priorização na perseguição de criminosos perigosos e criminosos de gangues, defendendo maior cooperação com as forças de segurança locais.
Thanedar acrescentou que os oficiais “ouviram” as alegações, oferecendo ajuda para conectar a organização com alguns detidos, mas sem sinalização de mudanças de política. Segundo ele, o ICE reafirmou a intenção de perseguir todos aqueles que violaram a lei, sem distinções mais específicas.
“Eles disseram que continuariam a atuar contra qualquer pessoa que tenha quebrado a lei, sem priorizar criminosos mais perigosos”, afirmou Thanedar. Ele também criticou a suposta focalização do ICE em migrantes que trabalham anos em setores como hospitalidade, agricultura e construção, exemplos de contribuição à sociedade.
Perspectivas e dificuldades na comunicação
Kovari revelou ainda que Raycraft afirmou que muitas críticas ao ICE derivam de “manipulação midiática”, o que dificultou o diálogo. Por ora, não há indicações de que o órgão mudará suas práticas, mesmo após as insistentes discussões.
A CNA entrou em contato com o ICE em Detroit, o escritório central e o Departamento de Segurança Interna para obter comentários, mas não obteve retorno até o momento da publicação.
Em um artigo de opinião publicado no Detroit News em 22 de julho, Raycraft defendeu que seus agentes “se identificam visivelmente” e que usam máscaras para proteção, referindo-se às circunstâncias de aumento de riscos na segurança do trabalho, além de afirmar que as operações seguem a lei, com uso de mandados obtidos mediante justificativa adequada.