O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou nesta segunda-feira que a Enel não faz os investimentos necessários na rede elétrica da região metropolitana e que, se o governo fosse o responsável pelo serviço, a concessão não seria renovada. A declaração foi feita durante fórum promovido pela revista Veja, em São Paulo, no qual o político destacou que o contrato atual é antigo, ruim e pouco eficiente.
Críticas à gestão da rede elétrica e situação atual da concessão
Freitas explicou que a Enel possui um contrato de concessão para distribuição de energia em 24 municípios da área metropolitana, atendendo cerca de 7,2 milhões de clientes — aproximadamente 18 milhões de pessoas. O contrato, firmado até 2028, pode ser prorrogado por mais 30 anos, mas o governador voltou a questionar essa possibilidade, alegando que a concessionária não realiza os investimentos necessários para garantir a segurança e a continuidade do serviço em situações extremas.
Investimentos insuficientes e problemas recentes
Segundo o governador, a Enel realiza poucos investimentos, pois esses não são reconhecidos na tarifa, o que desestimula melhorias na rede. Ele citou exemplos de falhas graves, como os fortes vendavais em novembro de 2023 e outubro de 2024, que deixaram milhares de moradores sem luz por até uma semana. Freitas afirmou que a velocidade de restabelecimento da energia está relacionada ao nível de automação da rede, que, na sua avaliação, é insuficiente devido à falta de investimentos.
“Se eu fosse titular do serviço, se fosse o poder concedente, não prorrogaria esse contrato”, afirmou. “A concessão é grande demais e deveria ser dividida em duas. São Paulo não pode aceitar a prorrogação desse contrato”, reforçou.
Perspectivas para renovação e melhorias
Freitas questionou por que a Enel demora tanto para religar a rede após interrupções extremas e atribuiu essa demora à escassez de recursos humanos, investimentos e automação. Além disso, ele afirmou que a velocidade de reparo de uma rede elétrica depende diretamente do nível de automação — aspecto que considera fundamental para melhorar a resiliência do sistema em futuras temporadas de chuvas.
Atualmente, a Enel mantém um contrato de concessão que permite atender cerca de 7,2 milhões de clientes na Grande São Paulo, área de atuação que inclui 24 municípios. O acordo, firmado com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), está previsto para vencer em 2028, após o que pode ser prorrogado por mais três décadas, embora haja uma forte pressão contra essa extensão.
Outras questões e mobilizações
Além das críticas ao desempenho da Enel, o governador destacou que o estado de São Paulo encerrou o primeiro semestre com R$ 354 bilhões em investimentos contratados em concessões de infraestrutura, bem acima da expectativa inicial de R$ 220 bilhões a R$ 250 bilhões. Entre as concessões atualmente em processo de renovação, estão as de energia elétrica, das quais 19 companhias têm contratos que vencem entre 2023 e 2031.
Freitas também pontuou a necessidade de melhorar a eficiência do setor de energia, especialmente na ampliação da infraestrutura de redes e automação, para evitar problemas semelhantes aos recentes episódios de interrupções causados por eventos climáticos severos.
Visão de futuro e mudanças propostas
Na opinião do governador, a solução para garantir uma rede elétrica mais eficiente e segura passa pela divisão dos contratos atuais, maior automação e investimentos mais robustos. Ele destacou que, em caso de responsabilidade própria, não prorrogaria os atuais contratos na condição em que estão, defendendo uma renovação com melhorias significativas na automação e na composição dos investimentos.
Fonte: O Globo