Naomi Barrales, de 25 anos, descobriu que se presentear com cookies veganos após boas experiências no trabalho se tornou mais que um hábito — virou um ritual de recompensa. Para muitos jovens da Geração Z, esses pequenos mimos representam uma forma de autocuidado, mesmo diante de custos de vida altos e incertezas econômicas.
A cultura do mimo entre jovens da Geração Z
Segundo uma pesquisa do Bank of America, mais da metade dos jovens dessa geração afirma comprar pelo menos um pequeno mimo semanalmente, apesar de não se sentirem financeiramente seguros. Essas recompensas variam de um café caro a produtos de luxo, expostos na rede social TikTok sob a hashtag “sweet little treat meme”, que já acumula mais de 23 milhões de vídeos.
“É algo que eu posso simplesmente ter e não precisar contar moedas”, explica Naomi. Ela e outros jovens adotam a prática como uma forma de se recompensar ou praticar autocuidado, mesmo quando esses gastos fugindo do orçamento. Entre os mimos preferidos estão desde biscoitos veganos até produtos de beleza, como suplementos e roupas de marcas conhecidas.
Impactos financeiros e significado social
Apesar de proporcionar momentos de alegria, esses pequenos gastos podem se acumular rapidamente, levando a desequilíbrios financeiros. Naomi, por exemplo, percebeu uma redução de cerca de US$ 50 na sua conta após um mês de se presentear frequentemente. “No começo, era inofensivo, porque eu pensava: ‘São só seis dólares’ — mas depois virou uma rotina”, conta.
Segundo o professor Gregory Stoller, da Universidade de Boston, 59% dos jovens que compram esses mimos afirmam que eles os levam a gastar mais do que planejado. “Aplicativos de ‘compre agora, pague depois’ e entregas rápidas facilitam esse impulso de consumo”, observa.
O papel da comunidade online e o uso de mídias sociais
Na cultura digital, jovens da Geração Z compartilham suas celebrações de pequenos prazeres, reforçando uma sensação de pertencimento. No TikTok, por exemplo, a tag “sweet little treat meme” virou fenômeno, incentivando a normalização e até a celebração de investir em si mesmo.
Para Jason Dorsey, especialista em gerações, essa prática ganhou força por ajudar os jovens a lidarem com as dificuldades financeiras, oferecendo uma sensação temporária de controle. “Eles estão usando esses mimos como uma forma de celebrar conquistas ou aliviar o estresse”, afirma.
Exemplos de experiências pessoais
Alanis Castro-Pacheco conta que um impulso de comprar um baixo e um amplificador por US$ 500 foi inicialmente arrependido, mas agora ela usa a aquisição como estímulo para fazer aulas de música, transformando o gasto em uma experiência positiva. “Hoje, tiro proveito da compra, vendo como uma oportunidade de crescimento”, relata.
Por outro lado, Naomi ajustou seu orçamento para incluir os doces que gosta, separando US$ 25 a cada duas semanas. “Sim, ultrapasso o limite às vezes, mas quem conhece o hábito consegue adaptar o orçamento a ele”, comenta.
Riscos e recomendações
Especialistas alertam que, embora esses mimos possam reforçar o autocuidado, há o risco de gastos excessivos e descontrole financeiro. Holly O’Neill, presidente do Bank of America, recomenda estabelecer limites e buscar alternativas mais sustentáveis, como empréstimo de livros ou atividades gratuitas.
Para Naomi, compreender seu comportamento ajudou a manter um equilíbrio. “As pequenas recompensas ainda fazem parte do meu orçamento, e isso me ajuda a enfrentar os desafios do dia a dia”, afirma.
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