A Controladoria-Geral da União (CGU) está preparando uma auditoria inédita na Caixa Asset, a divisão de gestão de ativos da Caixa Econômica Federal. Essa decisão surge após a controversa tentativa de aquisição de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master, que foi barrada por dois gerentes da área técnica da Asset. Os gerentes alegaram que a operação representava um risco elevado e acabaram perdendo seus cargos em um movimento amplamente interpretado como retaliação.
Entenda o contexto da auditoria na Caixa Asset
A CGU informou que a auditoria foi incluída no plano anual de auditoria com a intenção de “avaliar a estrutura de governança”. O foco será garantir a conformidade com regulamentos, políticas internas e padrões éticos. A auditoria está atualmente na fase de planejamento, com previsão de conclusão para dezembro deste ano.
Essa é a primeira vez que a CGU realiza um trabalho desse tipo na Caixa Asset, criada em 2021 durante o governo de Jair Bolsonaro, sob a liderança do ex-CEO Pedro Guimarães, que foi demitido em meio a acusações de abuso de poder.
O impacto da crise interna
A crise dentro da Caixa Asset intensificou-se quando dois gerentes, Daniel Cunha Gracio e Maurício Vendruscolo, se opuseram à compra das letras financeiras do Banco Master. A decisão deles de barrar a transação, descrita como “atípica e arriscada”, levou a uma realocação de cargos que chocou o mercado e levantou questões sobre a governança na instituição. Segundo o parecer sigiloso elaborado pela equipe, nunca houve investimento de tal monta em uma instituição de risco semelhante ao Banco Master.
O Banco Master, que oferecia uma rentabilidade de 130% do CDI ao ano por um período de 10 anos, possui um rating interno considerado de médio risco. O documento técnico da Caixa Asset ressalta que seus investimentos devem ser limitados a instituições renomadas e estáveis.
A resposta da Caixa Econômica Federal
Com o intuito de apurar as responsabilidades por trás da controvérsia, a Caixa Econômica Federal instaurou um processo administrativo disciplinar (PAD) contra o ex-CEO da Caixa Asset, Pablo Sarmento. Ele foi demitido após denúncias de que teria agido de maneira inadequada em sua gestão, incluindo a omissão de informações relevantes relacionadas a compromissos com instituições financeiras.
A Corregedoria da Caixa detectou elementos que indicam descumprimentos de normas internas de boa governança. Segundo informações, foram registradas 30 denúncias anônimas sobre a Caixa Asset no período em que se articulava a polêmica compra dos papéis do Banco Master. As denúncias geralmente são feitas em sigilo para proteger os funcionários que as relatam.
Próximos passos e implicações da auditoria
A realização da auditoria pela CGU poderá revelar uma série de falhas administrativas e potenciais correlações com outros escândalos que cercam a Caixa Asset. A expectativa é que os resultados promovam uma reformulação na estrutura de governança e no procedimento de decisões de investimento, assegurando que transações futuras não comprometam o patrimônio público.
Como consequência da pressão pública e das revelações feitas, a ordem dada à CGU reforça a necessidade de responsabilidade dentro das instituições financeiras estatais e evidencia a fragilidade na supervisão de ativos. A auditoria não visa apenas sanar as questões levantadas, mas também reestabelecer a confiança do público na Caixa Econômica Federal.
Como essa história se desenrolará, ainda está por vir. A transparência nessa auditoria será essencial para restaurar a credibilidade e promover a estabilidade no setor financeiro do Brasil, em um momento em que a confiança nas instituições é vital para o desenvolvimento econômico do país.