Um novo estudo do U.S. Census Bureau indica que a cada geração, menos jovens adultos conseguem atingir os marcos econômicos e familiares que tipicamente definem a vida adulta. Essa pesquisa analisou dados representativos a nível nacional de 2005 a 2023, evidenciando uma mudança drástica nas experiências de jovens adultos ao longo das últimas décadas.
Uma nova realidade para os jovens adultos
A pesquisa intitulada “Mudanças nos Marcos da Vida Adulta” revelou que, enquanto quase 50% dos jovens em 1975 haviam conquistado quatro marcos associados à vida adulta — mudar-se da casa dos pais, conseguir um emprego, casar-se e ter filhos —, atualmente, essa proporção caiu para menos de 25%. Isso representa uma mudança significativa na trajetória tradicional que muitos jovens enfrentavam.
Os pesquisadores do estudo atribuíram essa diminuição a barreiras econômicas que afetam jovens adultos entre 25 e 34 anos. Além disso, mudanças nas atitudes sociais em relação à formação de famílias também contribuem para a acentuada queda na quantidade de jovens alcançando o que é considerado pelo Census Bureau como “marcos-chave”.
O estudo afirma que “… as condições de habitação, oportunidades econômicas e atitudes sobre a formação de famílias não foram experimentadas da mesma forma entre as diferentes gerações de jovens adultos.” A pesquisa ainda destaca que a turbulência no mercado de trabalho e as recessões econômicas têm gerado um ambiente econômico mais volátil e incerto para essa faixa etária.
Levantamento dos marcos individuais
A pesquisa também avaliou as mudanças na realização de marcos individuais da vida adulta. Atualmente, cerca de 28% dos jovens adultos alcançam dois marcos econômicos, que incluem sair da casa dos pais e conseguir um emprego. Com o aumento das despesas com itens essenciais diários, incluindo habitação, alimentação e cuidados infantis, muitos jovens optam por adiar ou mesmo abrir mão de formar uma família, considerando esses passos como inviáveis financeiramente.
A mudança na percepção do que é ser adulto
Na década de 1970, casar, ter filhos e viver de forma independente eram as conquistas mais comuns entre os jovens, logo após a finalização da educação formal. Entretanto, os avanços das mulheres no mercado de trabalho e a evolução das normas culturais mudaram esta realidade. Cada vez mais jovens estão priorizando a conclusão dos estudos, o que acaba por atrasar outros marcos da vida adulta, como a entrada no mercado de trabalho e o casamento.
O estudo ressalta que “esses níveis mais altos de formação educacional resultam em coortes contemporâneas passando um maior período de suas vidas jovens matriculados em instituições de ensino superior, potencialmente adiando outras marcas da vida adulta.” Atualmente, muitos jovens percebem ter um emprego como uma conquista mais significativa para a definição da vida adulta em comparação com o casamento, que é considerado por muitos como algo a ser buscado somente após alcançar uma estabilidade econômica.
A conclusão do estudo e suas implicações
A reinterpretação do que significa ser jovem e adulto é um reflexo das condições econômicas desafiadoras e das normas culturais que evoluem com o tempo. Os dados mostram que a vida adulta não é mais vista como um caminho linear com marcos fixos, mas sim como um conjunto complexo de experiências e conquistas que variam dependendo do contexto econômico e social.
Com o relatório do U.S. Census Bureau, fica clara a necessidade de refletir sobre como as políticas públicas e as práticas sociais podem ser adaptadas para apoiar as novas gerações em suas jornadas rumo à vida adulta, considerando os novos desafios que enfrentam.
A pesquisa não apenas destaca as dificuldades que jovens adultos enfrentam hoje, mas também ilumina o caminho para entender os novos paradigmas da adolescência e da vida adulta em uma sociedade em constante mudança.
