Após a declaração do primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, em maio, de que o acordo com os Estados Unidos incluiria tarifa zero sobre o aço britânico, os pedidos às siderúrgicas britânicas caíram drasticamente. Mais de três meses depois, a frustração e as perdas econômicas se espalham para outros setores e países que aguardam a formalização de negociações com Washington.
Impactos nos setores industrial e automobilístico
Segundo Peter Brennan, diretor de política comercial da UK Steel, a maioria dos membros da associação britânica viu seus pedidos reduzir devido à incerteza sobre a tarifa de 25% imposta pelos EUA. “A preocupação com a não realização do acordo sobre o aço tem causado prejuízos para a indústria britânica”, afirmou Brennan.
Na Europa, Japão e Coreia do Sul também enfrentam dificuldades, especialmente pelo atraso na implementação de isenções às tarifas de 50% sobre aço e alumínio, que prejudicam sua competitividade no mercado americano. “A espera por clareza sobre as tarifas de veículos e aço ainda prejudica nossos negócios”, destacou Ryosei Akazawa, negociador japonês.
Acordos em excesso de promessas
Autoridades de diferentes países, como a União Europeia e Coreia do Sul, alertam que a falta de clareza sobre os acordos comerciais com os EUA está gerando uma “enrolação” nas negociações, além de impacto econômico e incerteza no setor automotivo. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o acordo com Trump, firmado em julho, ainda não trouxe melhorias concretas para o setor automotivo europeu.
Enquanto isso, países como a Coreia do Sul e o Japão aguardam uma redução real das tarifas sobre veículos, atualmente fixadas em 25%. A expectativa de uma possível revisão dessas tarifas ainda não se concretizou, deixando setores automotivos e siderúrgicos em situação de instabilidade.
Prejuízos e incertezas globais
O especialista em comércio internacional, Sam Lowe, afirma que “as negociações nunca terminam de fato” e que o impacto das tarifas americana tende a se prolongar, especialmente com novas tarifas previstas para setores como farmacêutico e semicondutores. O setor automotivo, em particular, sinaliza prejuízos bilionários, como a Nissan, que estima um impacto de até 300 bilhões de ienes com a tarifa mais baixa prevista.
Na Coreia do Sul, o presidente Lee Jae Myung reafirmou sua expectativa por um encontro com Trump, marcado para 25 de agosto, para discutir investimentos e fortalecer alianças em temas sensíveis como defesa e política nuclear. No entanto, a implementação de medidas de flexibilização nas tarifas ainda depende de ordens executivas nos EUA, que aguardam confirmação oficial.
Por ora, a expectativa é que as negociações e a implementação de melhorias possam avançar no final do ano, embora os especialistas alertem que os atrasos podem indicar uma tendência de prolongamento das incertezas econômicas globais ligadas às tarifas de Trump.
Fonte: O Globo – Economia