A Petrobras está atualmente analisando oportunidades de investimento na Raízen, joint venture de Cosan e Shell, o que marcaria seu retorno ao setor de etanol, uma estratégia já anunciada por Magda Chambriard. Segundo fontes do setor ouvidas pelo GLOBO, a estatal estuda diferentes possibilidades, incluindo se tornar sócia da companhia ou adquirir ativos, com uma decisão definitiva prevista para até o final de 2024.
Planejamento estratégico da Petrobras na presença na Raízen
De acordo com informações internas, a intenção da Petrobras é se consolidar como um ator relevante no mercado de etanol inicialmente. A discussão envolve claramente como a empresa pode ingressar na Raízen sem contrariar a cláusula de não competição com a Vibra (antiga BR Distribuidora), que vigora até 2029 no setor de distribuição de combustíveis. Diversas estratégias estão em avaliação, incluindo a venda de ativos específicos ou a realização de acordos de gestão na joint venture.
Possíveis caminhos para entrada da Petrobras
Entre as opções em estudo, figuram a separação de ativos da Raízen ou negociações em relação à gestão de determinados segmentos. Uma fonte do setor pondera que ainda não há uma decisão tomada, pois diversas alternativas estão em análise, incluindo a aquisição de ativos isolados ou a parceria com outras empresas. A estratégia de expansão também visa fortalecer a presença da Petrobras na cadeia de produção de etanol, um setor crescente no Brasil.
Contexto e movimentações do mercado
Enquanto busca um novo sócio ou alternativas de investimento, a Raízen vem ajustando seu portfólio. Em 2025, encerrou operações na usina Santa Elisa, em São Paulo, e vendeu contratos para a São Martinho. Além disso, vendeu 55 usinas de geração distribuída para a Thopen Energia e Gera Holding, e está em negociações para a venda de usinas no Mato Grosso do Sul e em São Paulo, segundo fontes do setor.
O interesse da Petrobras, segundo analistas ouvidos pelo GLOBO, pode ser um primeiro passo para uma eventual volta ao setor de distribuição de combustíveis, como comentou uma fonte anônima. A executiva Magda Chambriard já afirmou que a estatal quer portas abertas para atuar na venda de combustível e gás, buscando melhores oportunidades de valor agregado, tanto em segmentos B2B quanto no consumidor final.
A estratégia da Cosan e o cenário econômico
Paralelamente, a Cosan, controladora da Raízen, busca novos sócios e também trabalha na desalavancagem financeira. Na conferência com analistas, Marcelo Martins, presidente da companhia, destacou a necessidade de equilibrar o portfólio, que passou por intensas vendas e desinvestimentos, incluindo uma saída de ações da Vale que gerou cerca de R$ 9 bilhões em 2025. A empresa enfrenta dificuldades financeiras, com uma dívida de aproximadamente R$ 17,5 bilhões no segundo trimestre, além de prejuízos registrados no período.
O executivo da Cosan reforçou que a busca por parceiros estratégicos é uma prioridade, especialmente para acelerar o desinvestimento de ativos e o ajuste da estrutura de capital. Segundo Martins, a intenção é manter as negociações ativas com diferentes investidores e, até o final do ano, definir quais negócios podem ser monetizados para fortalecer a posição financeira da companhia.
Perspectivas futuras e próximas ações
A Petrobras continua considerando o ingresso na Raízen como uma possibilidade estratégica, com estudos em andamento que podem levar à aquisição de ativos ou a alianças. A expectativa é de que, até o final de 2024, haja uma definição clara sobre o caminho a seguir, levando em conta também o cenário econômico e a disputa por espaço no mercado de combustíveis e biocombustíveis.
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