Dados da McKinsey & Co. mostram que, embora a maioria das empresas esteja investindo em IA generativa, o retorno financeiro ainda está distante, configurando o que especialistas chamam de “paradoxo da IA”. Pesquisas recentes indicam que, mesmo com o aumento de 94% nos investimentos deste ano, as empresas enfrentam dificuldades para colher resultados palpáveis em suas operações.
O avanço da IA gera expectativas e desafios
Desde o surgimento de chatbots como o ChatGPT, a corrida por inovação em IA tem sido acelerada por gigantes da tecnologia e startups de alto capital. A expectativa de revolucionar áreas como atendimento, contabilidade e produção parece contrastar com a realidade do mercado fora do setor de tecnologia, onde problemas como a invenção de informações pelos chatbots continuam sendo obstáculos significativos.
O impacto real na economia
Segundo a IDC, muitos negócios estão gastando bilhões, mas com poucos sinais de retorno imediato. Dados da S&P Global apontam que 42% dessas empresas abandonaram a maioria de seus projetos piloto de IA até o fim de 2024, um aumento considerável em relação aos 17% registrados no ano anterior. Muitos projetos fracassam por dificuldades técnicas, resistência de funcionários ou falta de habilidades específicas, conforme analistas.
Perspectivas de desilusão e aprendizado
De acordo com a Gartner, a fase atual é de “vale da desilusão”, onde o entusiasmo inicial diminui e a tecnologia enfrenta obstáculos no mundo real. John-David Lovelock, previsore da empresa de pesquisa, indica que essa fase deve se estender até o próximo ano, antes de a IA ser reconhecida como uma ferramenta consolidada de produtividade.
Investimentos e impacto ambiental
Apesar dos obstáculos, o investimento em IA continua em alta. Em 2025, empresas devem gastar quase US$ 62 bilhões (cerca de R$ 336 bilhões), revela a IDC. Contudo, o aumento no uso de IA tem gerado preocupações ambientais, com big techs ampliando suas emissões de carbono em até 73% nos últimos quatro anos, conforme reportado por estudos recentes.
Implantação e resistência no mercado
Algumas empresas já vêm incorporando a IA, mesmo que de forma parcial. O banco JPMorgan Chase, por exemplo, expandiu o uso de assistentes virtuais em seus milhões de atendimentos diários, economizando tempo e recursos, embora ainda monitore o retorno financeiro dessas ações. Na Johnson Controls, a IA é usada para oferecer suporte técnico via tablets, reduzindo o tempo de reparo em até 15 minutos por chamada.
O futuro da IA nas organizações
Especialistas como Andrew McAfee do MIT alertam que a velocidade com que a IA transformará o mercado depende do ambiente de testes, adaptação e aceitação dos profissionais. Anthony Johnston, analista da S&P Global, ressalta que o cenário ainda está em fase de aprendizagem, com muitas iniciativas sendo descartadas ou integradas a projetos maiores.
O impacto na força de trabalho
Previsões podem apontar para uma substituição massiva de trabalhadores de colarinho branco, como afirmou Jim Farley, CEO da Ford, durante o Aspen Ideas Festival: “Metade dos trabalhadores de escritório nos EUA pode ser substituída pela IA”. Apesar disso, empresas como a USAA demonstram que a tecnologia pode melhorar o suporte e a eficiência, mesmo sem um retorno financeiro comprovado até o momento.
Além de tarefas administrativas, outras aplicações, como suporte técnico e análise de dados, já estão sendo utilizadas por grandes empresas, mas com resultados inicialmente modestos. A expectativa é que, em pelo menos cinco anos, a IA passe a integrar múltiplos sistemas de gestão, otimizando vendas, manufatura e atendimento, conforme prevê Vijay Sankaran, da Johnson Controls.
Desafios e aprendizados na jornada da IA
O ciclo de tentativa e erro, comum em processos de inovação, também marca o desenvolvimento da IA, com muitas iniciativas sendo descartadas por obstáculos técnicos ou resistência cultural. Lori Beer, do JPMorgan, afirma que a ausência de medo de encerrar projetos é uma estratégia inteligente, que permite focar em oportunidades mais promissoras.
Para McAfee, do MIT, os esforços iniciais muitas vezes ficam aquém do esperado, mas fazem parte do processo de inovação. A evolução dependerá, principalmente, de como as empresas aprenderão a lidar com os erros e a extrair valor de uma tecnologia ainda em fase de amadurecimento.
Mais informações sobre o cenário da IA e seus desafios podem ser acessadas na reportagem completa no O Globo.