Nas redes sociais, Renê da Silva Nogueira Junior, empresário de 47 anos, mostrava um currículo que impressionaria qualquer um. Com graduação em instituição brasileira de prestígio, mestrado em uma renomada universidade pública e cursos internacionais, sua imagem era de sucesso. Contudo, após sua prisão na última segunda-feira (11/8), sob suspeita de assassinar um gari durante uma discussão de trânsito em Belo Horizonte (MG), a realidade se revelou bem diferente. Uma investigação revelou que seu histórico acadêmico é amplamente fabricado.
Crime chocante em Belo Horizonte
O empresário é acusado de matar a tiros o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, que estava em seu trabalho de coleta de lixo no momento do crime. A discussão entre Renê e a motorista do caminhão começou quando ele exigiu que o veículo fosse retirado do caminho para que pudesse passar com seu carro elétrico. Testemunhas afirmaram que havia espaço suficiente para a passagem do veículo.
Após uma troca de palavras acalorada, Renê desceu do carro armado, ameaçou a motorista e disparou contra Laudemir, atingindo-o na costela. O gari foi levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos, vindo a óbito por hemorragia interna.
As autoridades conseguiram localizar Renê em uma academia de luxo no bairro Estoril, poucas horas depois do ocorrido, e ele foi preso em uma operação conjunta da Polícia Civil e Militar.
Investigações sobre o currículo de Renê
Após o escândalo do crime, o Metrópoles iniciou uma verificação das credenciais apresentadas por Renê em seu perfil no LinkedIn e descobriu que muitos de seus diplomas eram falsos. O empresário alegava ter mestrado em Agronomia pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq-USP), mas a instituição confirmou que ele não possui registro algum de matrícula ou conclusão de curso.
A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) também negou qualquer vínculo, afirmando que Renê “nunca fez nenhum curso, graduação ou pós-graduação” na instituição. Além disso, na Harvard Business School, não há registros de sua participação no curso que afirmava ter cursado. A Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e outras instituições confirmaram que não há histórico acadêmico dele.
O único curso verificado
Apenas a Universidade de São Paulo (USP) confirmou que Renê concluiu um curso de especialização em Bens de Varejo e Consumo, em outubro de 2020, mas não há registros de mestrado ou MBA, como ele alegava.
Consequências do crime e da fraude
O ambiente empresarial de Renê também foi afetado. Ele se apresentava como diretor de negócios da Fictor Alimentos Ltda., mas a empresa anunciou que não mantém mais vínculo com ele e repudia o crime, manifestando apoio à família da vítima. Renê tinha uma presença ativa nas redes sociais, mas todas foram excluídas após sua prisão.
Durante audiência, a Justiça decretou sua prisão preventiva, citando a gravidade dos fatos e a possibilidade de reiteração delitiva. Renê já havia enfrentado problemas legais anteriormente, o que enfraquece sua defesa.
Arma utilizada no crime
As investigações também revelaram que a arma usada por Renê pertence à sua esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino. A arma está registrada como de uso particular, e, segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, não deveria estar em posse de um policial em atividade.
Renê foi autuado por homicídio duplamente qualificado e ameaça. As evidências contra ele são contundentes, e a sociedade aguarda um desfecho justo para este caso trágico. Enquanto isso, as instituições mencionadas no currículo fraudulento de Renê permanecem em alerta, colaborando com as autoridades para esclarecer a verdade.