Brasil, 15 de agosto de 2025
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Tarifaço do Trump afeta o setor metal mecânico em Piracicaba

O tarifaço de 50% imposto pelos EUA impacta a indústria de Piracicaba, gerando preocupações com desemprego e recessão.

O recente tarifaço de 50% implementado pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros já começa a gerar preocupações sérias na indústria metal mecânica de Piracicaba, uma das principais cidades exportadoras do Brasil para o mercado norte-americano.

Impacto imediato na indústria metal mecânica

Localizada no interior de São Paulo, Piracicaba é a quarta cidade brasileira que mais exportava para os Estados Unidos, tendo registrado no ano passado exportações que somaram US$ 1,327 bilhão. Entre essas exportações, destacam-se máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, que representam quase 60% do total enviado ao país norte-americano.

Uma das indústrias mais afetadas é uma empresa com 22 anos de história, que produz peças para tratores e máquinas agrícolas. Com 350 funcionários e 20% de sua produção destinada ao mercado americano, o proprietário André Simioni destaca que o tarifaço já provocou uma preocupação significativa entre os clientes e uma redução no volume de novos pedidos. “Ninguém cancelou pedidos, mas as prospecções estão menores”, afirma.

Sentimento de incerteza no mercado

De acordo com Erick Gomes, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas de Piracicaba (Simespi), que representa cerca de 1.100 empresas, o setor vive um momento de incertezas. “Estamos sentindo um reflexo subjetivo, que é o medo. Esse é o temor do mercado, então, ele está esfriando”, explica Gomes, mencionando que a redução no número de pedidos já é perceptível entre os associados.

Medidas emergenciais do governo

Em resposta à crise ocasionada pelo tarifaço, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou um pacote de R$ 30 bilhões em crédito para empresas afetadas. Esse pacote inclui a prorrogação da isenção de impostos sobre matérias-primas importadas que são utilizadas na produção de itens para exportação, o adiamento do pagamento de tributos federais e a devolução de parte dos tributos pagos pelas empresas exportadoras.

Simioni acredita que essas medidas serão úteis, porém, a eficácia delas dependerá da recuperação do mercado. “Nós vamos ter que analisar cada uma das medidas e suas implicações”, finaliza.

Risco de desemprego e recessão

Com o tarifaço, o cenário pesadelo para o setor metal mecânico se torna mais vívido, gerando riscos significativos de desemprego e recessão econômica na região de Piracicaba. “O impacto pode ser desemprego e recessão econômica. Para os Estados Unidos, a falta de abastecimento pode gerar inflação, pois eles terão que comprar de outros países a preços mais altos”, afirma Gomes.

A indústria metal mecânica local abrange cerca de 1,2 mil empresas e emprega mais de 30 mil pessoas, sendo um dos pilares econômicos da região. A preocupação é crescente entre os economistas, especialmente com relação ao potencial impacto nas linhas de produção e no emprego formal. A professora de Economia Cristiane Feltre, da PUC-Campinas, ressalta que a indústria na região é responsável por 36% da mão de obra formal, enquanto no Estado de São Paulo essa porcentagem varia entre 16% e 18%.

Expectativas para o futuro

De acordo com Feltre, é possível que a indústria enfrente uma paralisação ou uma redução no ritmo de produção, o que sem dúvida afetaria a estabilidade no mercado de trabalho. “Essa consequência vai se estender também aos clientes da indústria, como o setor de transportes, que depende da movimentação de máquinas”, argumenta.

A gravidade da situação não pode ser subestimada. A indústria metal mecânica já está mostrando sinais de esfriamento, o que pode ter consequências duradouras para a economia de Piracicaba e para a construção civil e agricultura nas regiões circunvizinhas. O futuro parece incerto, e a busca por soluções será crucial para mitigar os impactos do tarifaço e garantir a continuidade das atividades econômicas locais.

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