Após o anúncio do tarifaço de 50% pelos Estados Unidos no início de julho, principais exportadoras brasileiras de carne bovina, como JBS, Marfrig e Minerva, demonstraram que o impacto será moderado. Essas empresas possuem unidades no Brasil e no exterior, o que oferece maior flexibilidade para redirecionar os embarques.
Resiliência das principais exportadoras frente ao tarifaço de Trump
Segundo informações da Minerva Foods, as exportações para os EUA representam, no máximo, 5% do faturamento total da companhia, que também exporta para Argentina, Paraguai, Uruguai e Austrália. A empresa destacou que, em 2024, as vendas aos EUA correspondiam a 16% do faturamento da divisão na América do Sul, sendo 30% do total brasileiro.
A Marfrig, que envia carne bovina para os EUA por meio de plantas no Brasil, Uruguai e Argentina, afirmou que, em 2025, as exportações brasileiras representaram apenas 1,4% do faturamento na América do Sul e 0,18% do resultado global.
Já a JBS declarou que ainda é cedo para avaliar os efeitos do tarifaço, mas que, no segundo trimestre, não percebeu impacto relevante. A companhia atua em diversos países, incluindo México, Austrália e os EUA, onde também possui operações.
Desafios e estratégias do setor diante do Tarifaço
Para o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, a plataforma internacional da empresa permite redirecionar a produção, minimizando os efeitos do aumento de tarifas. Além disso, a companhia anunciou investimentos de US$ 200 milhões em novas plantas nos Estados Unidos, no Texas e Colorado, reforçando sua presença na região.
Por outro lado, a indústria de carne nos EUA enfrenta dificuldades devido ao baixo volume de rebanho — atualmente o mais reduzido da história — e problemas sanitários, como a peste bovina, suspenderam as fronteiras com o México e elevaram os preços internos.
Perspectivas de perdas e esforços para isenção
Mesmo com o impacto moderado até agora, especialistas prevêem perdas significativas. Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), estima que o setor pode perder até US$ 1 bilhão em 2025 devido ao tarifão, especialmente porque as compras americanas representam uma fração do mercado global de carne brasileira.
De acordo com Perosa, entidades do setor e o governo brasileiro têm articulado esforços junto às autoridades americanas para isentar a carne brasileira da sobretaxa. A partir de maio, as exportações ao país começaram a cair devido à sobretaxa de 10%, antes mesmo do aumento para 50%, refletindo a disputa comercial em andamento.
Impactos no mercado global da carne bovina
Apesar da redução nas vendas ao mercado americano, os dados de julho apontam recordes nas exportações totais de carne brasileira ao exterior, impulsionadas principalmente pela China, maior cliente do setor. A estratégia de diversificação de destinos busca minimizar os efeitos de possíveis retaliações e manter a competitividade das empresas brasileiras.
Especialistas avaliam que, embora o tarifão adverso os negócios com os EUA, a resiliência do setor deve permitir que o Brasil continue como um dos principais exportadores mundiais de carne bovina.
Para mais detalhes, acesse o site do G1.