O Vaticano integrou a Sociedade de São Pio X (SSPX) no calendário oficial do Jubileu de 2025, apesar da relação histórica conturbada entre o grupo tradicionalista e a Santa Sé. A celebração ocorrerá em meio a um contexto de avanços e desafios na tentativa de reconciliação.
Celebrando a fidelidade ao “Roma Eterna” na programação do Jubileu
Fundada em 1970 por Arcebispo Marcel Lefebvre na Suíça, a SSPX preserva práticas tradicionais da Igreja Católica, contrastando com as reformas do Concílio Vaticano II. Em 20 de agosto de 2025, o grupo realizará uma Missa solene e uma procissão até a Basílica de São João de Latrão, em Roma, como parte de seus rituais comemorativos ao jubileu.
Essa preparação inclui uma novena à Imaculada Conceição, entre os dias 11 e 19 de agosto, reforçando o compromisso do grupo com suas doutrinas tradicionais, conforme divulgado no site oficial da SSPX. Para o grupo, a celebração simboliza lealdade a “Roma Eterna” e à liturgia antiga, como explicado em carta de 2024 do superior dos Estados Unidos, padre John Fullerton.
Histórico e relação com o Vaticano
O relacionamento conflituoso da SSPX com o Vaticano começou com as dissentimentos de Lefebvre frente às mudanças do Vaticano II, especialmente nos temas de ecumenismo e colegialidade. Em 1988, Lefebvre consagrou quatro bispos sem autorização papal, ato que levou à excomunhão e ao status canonicamente irregular do grupo, considerado herético pela Igreja.
Apesar de o Papa Bento XVI ter levantado as excomunhões em 2009, a SSPX permanece fora da comunhão plena. No entanto, sinais de abertura vêm ocorrendo nos últimos anos. Papa Francisco autorizou que sacerdotes da SSPX ouçam confissões validamente desde 2015 e facilitou o reconhecimento de casamentos realizados sob sua jurisdição em 2017.
Reconhecimento parcial e limites atuais
A inclusão da SSPX no calendário do Jubileu não significa sua plena regularização, mas demonstra uma tentativa de diálogo. Especialistas, como Jimmy Akin da Catholic Answers, afirmam que a retirada das excomunhões indica que o grupo não está em cisma formal, embora seus sacerdotes continuem celebrando Missas de forma canonicamente irregular.
Segundo Akin, os fiéis podem participar da Missa celebrada segundo o rito de 1962, aprovado pela Igreja, e receber a Eucaristia. Ainda assim, o sacerdote que celebra sem os devidos permisos pode configurar uma situação irregular, que, no entendimento do Vaticano, não impede o direito do católico de participar do sacramento.
Perspectivas de futuro na reconciliação
Estimativas da SSPX indicam que a organização conta com cerca de 720 padres e quase meio milhão de fiéis ao redor do mundo, além de promover retiros e acampamentos de verão para crianças. A presença na programação do Jubileu abre caminho para novas negociações, embora a plena reintegração do grupo à Igreja oficial ainda dependa de um avanço na resolução de suas questões canônicas.
A contextualização dessa decisão mostra uma Igreja que busca equilibrar diálogo e fidelidade tradicional, postura evidenciada na participação do grupo no calendário do maior evento de perdão e renovação espiritual da Igreja Católica.
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