Brasil, 15 de agosto de 2025
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Prefeitura de SP realiza ação para mapear vagas de emprego no Brás e Bom Retiro

Nesta sexta-feira (15), equipes vão percorrer ruas de São Paulo em parceria com lojistas para reduzir a escassez de mão de obra no comércio popular

A Prefeitura de São Paulo realizará nesta sexta-feira (15) uma ação de campo nas ruas do Brás e do Bom Retiro para identificar e cadastrar vagas de emprego oferecidas por lojistas da região. A iniciativa faz parte de uma parceria com a Associação de Lojistas do Brás (Alobrás) e o Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo (Cate), visando diminuir o déficit de cerca de 10 mil postos de trabalho atualmente abertos no comércio local.

Mapeamento de vagas e ações de empregabilidade no comércio popular

Segundo informações da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, equipes do Cate irão percorrer as ruas Oriente, Miller e Casemiro de Abreu a partir das 10h para divulgar os serviços de intermediação de mão de obra da prefeitura e cadastrar as vagas disponíveis. Essa ação busca facilitar a contratação de funcionários pelos lojistas, que revelam dificuldades crescentes para preencher as vagas no setor.

Além do cadastro, outra iniciativa prevista é o mutirão Contrata SP – Brás, programado para setembro, que promoverá esforços de empregabilidade na região.

Escassez de mão de obra e dificuldade de contratação

De acordo com a secretaria, estima-se que existam aproximadamente 10 mil vagas de emprego no comércio do Brás, com oportunidades em cargos variados, como vendas, administrativos, operacionais e outros. O vice-presidente da Alobrás, Lauro Pimenta, destacou a dificuldade em preencher essas posições, especialmente para funções de vendedor, caixa, repositor e cargos gerenciais.

“Queremos incluir um link do Cate no site da Alobrás para facilitar o cadastro e a busca por candidatos”, afirmou. Lauro também destacou que a maioria dos lojistas já está “em uma corrida antecipada” para contratar. “Se deixarmos para setembro, não vamos achar mão de obra. Atualmente, muitos autônomos preferem trabalhar por conta própria, por remuneração maior e maior flexibilidade de horários.”

Experiências de comerciantes enfrentando dificuldades

O comerciante Heloilson de Castro do Canto Leite, que há 31 anos atua no Brás vendendo bolsas e malas, relata que precisa de pelo menos 10 funcionários e mantém uma placa com anúncios de vagas há mais de um ano.

“Sempre precisa de embaladores jovens, de 18 a 30 anos, além de atendentes. A dificuldade é grande, e dificilmente encontramos quem queira trabalhar aqui”, afirmou. Outro exemplo é Sandra Maria da Silva, que fechou sua loja em fevereiro por não conseguir contratar apoio suficiente e atualmente vende por plataformas online.

“A rotatividade é alta, e muitos funcionários não permanecem, mesmo após o treinamento. Outros não conseguem se adaptar ao ritmo da loja, deixam de comparecer e pedem demissão após poucos dias”, explicou Sandra.

Dunia Saed, comerciante há 16 anos, também enfrenta dificuldades para preencher vagas de vendas, reposição e atendimento digital. “As vagas ficam abertas o ano todo. Muitos não aguentam o ritmo ou não passam do período de experiência. A rotatividade é alta e atrapalha o crescimento da loja”, afirmou.

Demandas e panorama do mercado de trabalho na região

Na Rua José Paulino, no Bom Retiro, a situação de escassez também é preocupante. Mais de 40 lojas exibem anúncios de vagas, e uma vendedora relatou que sua loja tenta contratar há sete meses sem sucesso.

Segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas do Bom Retiro, duas em cada três lojas enfrentam dificuldades para contratar funcionários em vários setores. Uma fonte da entidade revelou que, apesar do diálogo com a prefeitura, ainda há resistência por parte dos trabalhadores em aceitar empregos no comércio.

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho afirmou que mantém diálogo com entidades do setor e está analisando as demandas para desenvolver ações destinadas a facilitar a entrada de profissionais no mercado de trabalho local. O comércio no Brás, em especial, é conhecido pela sua alta rotatividade, impulsionada por salários menores e condições trabalhistas desafiadoras.

Contexto econômico e fatores que agravaram a escassez de mão de obra

Especialistas de economia explicam que, com a redução da taxa de desemprego no Brasil — que foi de 5,8% no segundo trimestre de 2025, a menor da série histórica do IBGE — a oferta de mão de obra tendem a diminuir para empregos que oferecem remuneração menor e requerem poucas habilidades técnicas.

Vivian Almeida, professora do Ibmec, pontua que a maior oferta de trabalhadores qualificados leva as pessoas a escolher empregos melhores, dificultando a contratação em setores tradicionais do comércio popular. Além disso, a rotatividade elevada, jornada de trabalho extensa e a busca por melhores condições também contribuem para esse cenário.

O estado de São Paulo fechou junho com 40.089 novos postos de trabalho formais, representando um avanço no mercado de trabalho paulista, que acumula mais de 349 mil novas vagas no primeiro semestre de 2025. O setor de serviços lidera as contratações, seguido pelo comércio e pelo agronegócio, com destaque também para cidades como São Paulo, Osasco e Guarulhos.

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