Na última quarta-feira, a Polícia Federal deflagrou a “Operação Estafeta”, que investiga um amplo esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na administração municipal de São Bernardo do Campo, em São Paulo. O prefeito Marcelo Lima foi afastado do cargo, enquanto a vice-prefeita, Jéssica Cormick, agora assume a liderança do município. A operação revelou a apreensão de R$ 14 milhões em dinheiro vivo, além de outras irregularidades envolvendo a gestão pública local.
Contexto da operação
As investigações começaram em julho de 2025, após a apreensão de uma quantia absurda de dinheiro em posse de Paulo Iran Paulino Costa, assessor do deputado estadual Rodrigo Moraes. A análise dos dispositivos eletrônicos do assessor revelou um vínculo direto com o prefeito Marcelo Lima, apresentando anotações sobre o controle do fluxo de caixa da administração municipal. Iran, que já está foragido, foi identificado como uma figura-chave no esquema, realizando pagamentos de despesas pessoais de Lima e sua família.
Pessoas envolvidas e a estrutura do esquema
A Polícia Federal focou também em outros membros da administração local, como o presidente da Câmara Municipal, Danilo Lima Ramos, primo do prefeito afastado, e Ary José de Oliveira, suplente de vereador. O esquema ocupava um papel central nas relações entre a prefeitura e empresas contratadas, incluindo a Fundação ABC, que é responsável pela administração de unidades de saúde na região. As investigações indicam que as empresas envolvidas realizavam repasses ilegais, garantindo contratos milionários com o poder público.
Os recursos eram recebidos diretamente por Iran e outros servidores municipais. Entre eles estão Antônio Rene da Silva Chagas, diretor da Secretaria de Coordenação Governamental; Fábio Prado, secretário da mesma pasta; e Roque Araújo Neto, servidor da Câmara Municipal. Além disso, a PF citou outros políticos, levantando um cenário alarmante de corrupção nas esferas locais de poder.
A resposta da Justiça e a nova gestão
A Polícia Federal solicitou a prisão do prefeito Marcelo Lima, mas a Justiça não acatou o pedido, optando por afastá-lo do cargo por um ano e exigindo o uso de uma tornozeleira eletrônica. Com a saída de Lima, a vice-prefeita Jéssica Cormick, que até então exercia suas funções sob a sombra do prefeito, agora assume a liderança da cidade. Aos 38 anos, Jéssica é a primeira mulher a ocupar este cargo em São Bernardo do Campo. Sua carreira na Polícia Militar e o MBA em Governança Pública indicam um perfil voltado para a segurança e a ordem, mas a efetividade de sua gestão permanece em questão dada a gravidade das acusações que cercam sua antecessora.
À frente da nova administração, Jéssica expressou seu compromisso em colaborar com as investigações e disse que “a gestão municipal é a principal interessada para que tudo seja devidamente apurado”, enfatizando que o episódio “não afeta os serviços na cidade”. Essa transição de poder acontece em um momento delicado para a cidade, que busca restabelecer a confiança do público após as revelações sobre a corrupção.
Reflexões sobre a corrupção na política brasileira
O caso de São Bernardo do Campo é um retrato da luta contínua contra a corrupção nas administrações públicas brasileiras. A operação da Polícia Federal ressalta a importância da integridade nas instituições e a necessidade de um sistema político mais transparente e responsável. Com a presidência da Câmara Municipal agora nas mãos da vereadora Ana Nice, espera-se que novas medidas sejam adotadas para restaurar a confiança entre a população e seus representantes.
Em síntese, a Operação Estafeta traz à tona não apenas casos isolados de corrupção, mas também a urgência de uma reforma sólida e eficaz para redirecionar os rumos da política em São Bernardo e no Brasil como um todo. A sociedade civil atua como um observador crítico, aguardando que as promessas de transparência e a justiça prevaleçam para que cenários como este não se tornem uma constante no futuro.
As próximas semanas serão cruciais para determinar o impacto dessa operação na política local e a forma como a nova gestão de Jéssica Cormick tratará os desafios que surgem a partir das investigações. Com a expectativa de que os responsáveis pela corrupção sejam responsabilizados, a cidade de São Bernardo do Campo observa atentamente a evolução desses acontecimentos.