O prefeito de São Bernardo do Campo, Marcelo Lima, do partido Podemos, foi afastado do cargo em uma operação da Polícia Federal realizada na última quinta-feira, 14. A investigação aponta que Lima seria o beneficiário de um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo empresas que mantêm contratos com a prefeitura. Recursos desviados eram supostamente utilizados para cobrir despesas pessoais do prefeito e de sua família, como passagens aéreas e mensalidades da faculdade de sua filha.
Detalhes do esquema de corrupção
Os documentos obtidos pela Polícia Federal indicam que Paulo Iran Paulino Costa, ex-assessor parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), é apontado como o principal operador do esquema. Na operação, a PF apreendeu R$ 12 milhões em espécie, além de US$ 156 mil, que seriam utilizados para financiar os gastos do prefeito. Entre as despesas pagas por Costa, estão uma passagem aérea de R$ 19.182 para a esposa de Lima, Rosangela dos Santos Lima Fernandes, e contas de telefone no valor de R$ 922.
A investigação também revelou que Lima e Costa se comunicavam frequentemente via WhatsApp, onde discutiam transações financeiras. Em uma destas conversas, o prefeito pediu que Costa transferisse dinheiro utilizando “5 para Zana”, referindo-se à sua esposa. Além disso, anotações sobre transferências via Pix para Rosangela foram encontradas, indicando valores que variavam de R$ 2.140 a R$ 5.880.
Pagamentos ilícitos comprometem administração pública
Paulo Iran também foi responsável pelo pagamento da fatura de cartão de crédito de Marcelo Lima, que somou cerca de R$ 32 mil e incluiu despesas da faculdade de medicina da filha do prefeito, somando R$ 8.248. Este sistema de repasses ilegais, conforme a PF, era sustentado por contratos de prestação de serviços entre empresas e a prefeitura de São Bernardo do Campo, refletindo um esquema que comprometia a integridade da administração pública.
As empresas que fazem parte do esquema atuam em diversos setores, incluindo saúde, informática, transporte público e limpeza urbana. A suspeita é de que esses repasses eram feitos para que as empresas mantivessem ou conseguissem novos contratos milionários com a prefeitura e a Fundação ABC, uma entidade sem fins lucrativos que gerencia unidades de saúde na região.
Reações e próximos passos
A prefeitura de São Bernardo do Campo se manifestou dizendo que aguardará o desdobramento das investigações e que estará à disposição para colaborar. Em comunicado, órgãos municipais garantiram que os serviços da cidade não serão afetados pelo episódio. A gestão municipal afirma ser a principal interessada em que todos os fatos sejam devidamente apurados.
Por outro lado, figuras implicadas diretamente na investigação, como o ex-vereador mencionado, declararam que estão colaborando com a apuração e aguardam responsabilidades. O ex-assessor Paulo Iran, que está foragido, foi despedido do seu cargo após a confirmação dos indícios de corrupção, conforme informado pelo deputado Rodrigo Moraes.
A operação levou à prisão de outros envolvidos, incluindo o diretor de departamento na Secretaria de Coordenação Governamental, Fábio Prado, e Roque Araújo Neto, servidor da Câmara Municipal. A PF ainda investiga as conexões de outros políticos locais, como o ex-vereador Ary Oliveira e o atual presidente da Câmara Municipal, Danilo Lima de Ramos.
Conclusão
O afastamento do prefeito Marcelo Lima e a revelação do esquema de corrupção em São Bernardo do Campo trazem à tona questões cruciais sobre a transparência e a ética na administração pública. A continuidade das investigações pela Polícia Federal será crucial para esclarecer todos os envolvidos e assegurar que a justiça seja feita. A população aguarda respostas e espera que medidas sejam implementadas para evitar que casos semelhantes se repitam no futuro.