Brasil, 15 de agosto de 2025
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Nova corrida pela Lua: energia nuclear e influência global

China planeja construir usina nuclear na Lua até 2035, enquanto EUA aceleram instalação de reator para missões lunares

Em abril de 2025, a China anunciou planos de construir uma usina nuclear na Lua até 2035, apoiando sua ambiciosa estação de pesquisa lunar. Em resposta, os Estados Unidos também avançam nessa direção, com a NASA acelerando a instalação de um reator nuclear na Lua até 2029, conforme revelou Sean Duffy, administrador interino da agência espacial americana.

Reatores nucleares na Lua: estratégia e tecnologia

Embora pareça uma corrida repentina, o desenvolvimento de sistemas de energia nuclear para uso lunar vem sendo planejado há anos. A NASA e o Departamento de Energia dos EUA trabalham há décadas em pequenos geradores de radioisótopos, destinados a alimentar habitats, rovers e operações de mineração em missões de longo prazo no espaço.

Segundo especialistas como Michelle L.D. Hanlon, professora de Direito Aéreo e Espacial, esse movimento não configura uma corrida armamentista, mas uma disputa por infraestrutura — uma forma de exercer influência e garantir uma presença duradoura na Lua.

Aspectos jurídicos e o papel internacional

O marco legal que regula o uso de energia nuclear no espaço existe desde 1992, por meio da resolução das Nações Unidas intitulada “Princípios Relevantes para o Uso de Fontes de Energia Nuclear no Espaço Sideral”. Ela reconhece a importância da energia nuclear para missões em que a solar é inviável, estabelecendo diretrizes de segurança, transparência e cooperação internacional.

Não há na legislação internacional proibição ao uso pacífico de reatores na Lua. Entretanto, os países precisam seguir regras de segurança e transparência, além de atuar de forma cooperativa. Segundo estudos, quem for o primeiro a estabelecer uma infraestrutura de energia nuclear lunar poderá definir padrões e influenciar as ações futuras no espaço.

Infraestrutura como estratégia de poder

Construir um reator nuclear na Lua é, de certa forma, estabelecer uma presença concreta — uma marca de influência. Áreas estratégicas, como o polo sul lunar, possuem recursos vitais, como gelo que pode abastecer bases e foguetes. Países interessados nesses recursos podem consolidar seu controle por meio de infraestrutura tecnológica avançada.

Por outro lado, há preocupações sobre riscos ambientais e operacionais, além de debates sobre acesso e soberania lunar. Apesar de não existirem reivindicações territoriais formais, a instalação de reatores implica em diferenças de poder e controle sobre recursos que podem definir a presença internacional na Lua.

Desafios e limites da energia solar

Apesar de os esforços por energia nuclear ganharem força, a energia solar apresenta limitações no ambiente lunar. A ausência de atmosfera e os períodos de 14 dias de escuridão em regiões sombreadas dificultam sua utilização contínua, especialmente em crateras permanentes onde o gelo é abundante.

Por isso, a energia nuclear surge como uma alternativa viável para garantir autonomia energética de longo prazo. Pequenos reatores podem funcionar por décadas, sustentando habitações, robôs e missões para além da Lua, como Marte.

Perspectivas do cenário legal e estratégico

Nos próximos anos, a liderança na instalação de reatores nucleares na Lua poderá definir as regras do jogo para toda a exploração espacial. O compromisso dos EUA em seguir o Artigo IX do Tratado do Espaço Sideral, promovendo transparência e uso pacífico, é fundamental para evitar conflitos e estabelecer precedentes de governança.

Como reforça Hanlon, a construção de infraestrutura na Lua não equivale a reivindicações territoriais ou declarações de guerra. Mas, na prática, ela reflete o poder de influenciar o ambiente lunar e potencialmente limitar a entrada de outros países nas regiões mais estratégicas.

A corrida pela energia nuclear lunar, portanto, implica questões de direito, tecnologia, estratégia e influência. Quem avançar primeiro terá peso decisivo na conformação do futuro da exploração espacial e da presença humana em outros corpos celestes.

Fonte: O Globo

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