Brasil, 24 de agosto de 2025
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Ministro do STF vota pela absolvição de Carla Zambelli em caso de perseguição

Decisão de Nunes Marques destaca consequências do ato em contexto privado.

O recente julgamento da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) tem gerado ampla repercussão. O ministro Nunes Marques votou pela absolvição da parlamentar no caso que apura sua perseguição, armada, a um homem em São Paulo, na véspera do segundo turno das eleições de 2022. A decisão reflete aspectos importantes sobre a atuação de políticos e seus limites na vida privada.

Contexto do caso

A perseguição ocorreu em meio a um clima eleitoral tenso. A deputada acionou uma arma e perseguiu o jornalista Luan Araújo, alegando que desejava realizar a prisão em flagrante. O caso chamava a atenção não apenas pela ação em si, mas também pelo contexto em que ocorreu, gerando polêmica sobre o uso da força por figuras públicas.

Nunes Marques, ao proferir seu voto, ressaltou que o episódio não tem relação direta com o exercício do mandato da deputada. Segundo o ministro, a ação se desenrolou em um contexto privado, afastando a competência do STF para julgar a situação. Isso acontece em um momento em que a confiança nas instituições judiciais é frequentemente debatida e contestada na opinião pública.

O voto do ministro

O voto de Nunes Marques, apresentado nesta sexta-feira (15/8), contrariou a maioria do tribunal, que já se posicionava pela condenação. O ministro argumentou que Zambelli se sentiu ameaçada e que sua reação de perseguição, embora extrema, poderia ser interpretada como uma tentativa de defesa, levando em consideração as ofensas que ela recebeu. Contudo, ele reconheceu que a forma como lidou com a situação foi excessiva.

“As gravações em vídeo anexadas aos autos demonstram que Luan Araújo e seus acompanhantes não apenas provocaram Zambelli, mas também premeditaram a situação, o que influenciou sua reação”, pontuou Nunes Marques. Essa argumentação levanta questões sobre como as percepções de ameaça são interpretadas por figuras públicas e o que isso implica para a responsabilidade pessoal.

Consequências legais

Além da absolvição no caso de perseguição, Nunes Marques destacou que Zambelli tinha autorização para portar a arma, embora a busca de uma justificativa para sua atitude não se enquadre nos limites da legalidade segundo as leis brasileiras. A construção do voto foi meticulosa, com o ministro enfatizando que ficar caracterizado como crime requer elementos específicos, os quais, segundo ele, não estavam presentes no ato da deputada.

“A simples posse da arma, para fins de proteção pessoal, não constitui, por si só, um crime, especialmente quando há a devida autorização do porte. A interpretação da lei deve ser clara, sem a intenção de prejudicar alguém sem o respaldo legal”, afirmou.

O julgamento e a situação atual

O julgamento foi retomado com maioria para condenação, com o STF deliberando sobre os impactos e as implicações de tal julgamento no cenário político atual. O placar se encontra em 6 a 1, enquanto a sessão virtual seguirá até o dia 22 de agosto. O relator, ministro Gilmar Mendes, foi um dos que se posicionou pelo julgamento da culpabilidade da deputada, levando em conta as evidências apresentadas.

A promotoria, representada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), permanece firme na argumentação de que, ao manipular uma arma, Zambelli não apenas infringiu a lei como também colocou em risco a segurança pública e legitimidade da política na esfera pública. A situação se torna ainda mais complicada dado seu papel como figura pública e a influência de suas ações sobre outros cidadãos.

A repercussão pública

A decisão do STF ecoa na sociedade, levantando debates sobre a impunidade e a necessidade de um tratamento mais rigoroso para comportamentos que envolvem violência ou ameaças em qualquer circunstância. A discussão sobre a absolvição de Zambelli pode influenciar a maneira como cidadãos e políticos interpretam o uso do poder e suas responsabilidades.

Embora a defesa de Zambelli alegue cerceamento de defesa, a pressão social e as expectativas sobre a conduta de representantes políticos continuam a se intensificar, revelando uma crescente desconfiança nas instituições. Isso, indiscutivelmente, é um teste para o STF e para o próprio sistema judicial brasileiro.

Ainda há muito a ser explorado neste caso emblemático, que não diz respeito apenas à absolvição de uma deputada, mas à segurança pública, à interpretação de leis e ao comportamento ético da classe política no Brasil.

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