O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, chamou o cancelamento dos vistos de sua esposa e filha pelos Estados Unidos de “ato covarde”. A declaração veio após o anúncio da sanção, em um contexto onde Padilha já se encontra com o visto vencido desde 2024, o que, segundo ele, torna a medida improcedente.
O anúncio e as reações de Padilha
Padilha ficou sabendo do cancelamento por meio de uma mensagem enviada por sua esposa, enquanto cumpria uma agenda de compromissos em Pernambuco, no dia 15 de agosto. Em sua crítica, o ministro questionou a decisão do governo americano, que sanção direcionada à sua filha de apenas 10 anos, e fez cobranças ao ex-deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que reside nos EUA.
“As pessoas que fazem isso e o clã Bolsonaro, que orquestra isso, têm que explicar… Qual o risco de uma criança de 10 anos de idade pode ter para o governo americano?”, indagou Padilha em entrevista à Globonews.
A conexão com Eduardo Bolsonaro
O ministro afirmou que Eduardo Bolsonaro e seus aliados estão manipulando a situação para criar um “escritório de lobby da traição” nos Estados Unidos, sugerindo que existem interesses políticos por trás das ações contra sua família. Na mesma linha, Padilha reiterou que o ex-presidente Jair Bolsonaro tem buscado apoio do governo dos EUA para evitar um julgamento relacionado a acusações de tentativa de golpe de Estado.
Nesta semana, o Departamento de Estado dos Estados Unidos também revogou os vistos de outros funcionários brasileiros, envolvidos no programa Mais Médicos, além de Padilha. Entre os alvos da sanção, estão Mozart Julio Tabosa Sales e Alberto Kleiman, ambos com funções associadas à saúde pública no Brasil.
Justificativas do governo americano
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, justificou as sanções afirmando que os funcionários contribuíram para um “esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano”. Padilha, que foi o criador do programa Mais Médicos durante o governo Dilma Rousseff em 2013, defendeu a importância do projeto, que visa atender as regiões mais carentes do Brasil.
“Minha filha sequer tinha nascido quando eu criei o programa Mais Médicos, com muito orgulho”, ressaltou.
O status atual da colaboração com médicos cubanos
O ministro deixou claro que atualmente não há parceria entre o Brasil e médicos cubanos. Contudo, ele destacou que outros países, como a Itália, continuam a colaborar com profissionais de saúde cubanos sem sofrerem sanções similares. Ele questionou a lógica do governo dos EUA ao aplicar punições no Brasil, ao mesmo tempo em que outros países permanecem em contato com os médicos cubanos.
“Qual é a explicação para não ter qualquer tipo de sanção, qualquer crítica a esses outros países [que continuam com a parceria com os médicos cubanos]?”, questionou Padilha.
O caso das sanções ao ministro e sua família aponta para as complexas relações diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos, evidenciando a manipulação política e os interesses internacionais que moldam a política externa. As declarações de Padilha refletem a indignação não só pessoal, mas também institucional, sobre as repercussões de ações que parecem afetar indivíduos inocentes em meio a disputas mais amplas de poder. À medida que a situação se desenrola, o ministro promete continuar levantando essas questões e buscando a proteção de sua família.
As implicações dessa decisão e as reações de outros líderes políticos será algo a ser acompanhado nos dias seguintes, com a expectativa de que novas declarações e posicionamentos possam surgir a partir desse contexto tenso entre os dois países.