Roque Araújo Neto, assessor parlamentar da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), foi exonerado nesta sexta-feira (15) após ser alvo de uma operação da Polícia Federal que busca desmantelar um suposto esquema de corrupção na Prefeitura de São Bernardo do Campo. A medida foi tomada em meio a uma série de investigações que envolvem figuras-chave na política local.
Investigação de corrupção em São Bernardo do Campo
O assessor trabalhava no gabinete da deputada Carla Morando (PSDB), recebendo um salário mensal de R$ 8,2 mil. A deputada é esposa do ex-prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, que atualmente ocupa a função de secretário de Segurança Urbana da cidade de São Paulo. O vínculo de Neto com a deputada gerou repercussões significativas, especialmente após seu nome ser citado no relatório da Polícia Federal.
Segundo os documentos da PF, Roque Araújo Neto teria recebido uma quantia de R$ 390 mil do operador identificado como Paulo Iran Paulino Costa. Este último, que também ocupava um cargo de assessor no gabinete do deputado estadual Rodrigo Moraes (PL), é apontado como um dos responsáveis por distribuir recursos financeiros entre diversos agentes públicos envolvidos no esquema.
A deputada Carla Morando expressou sua surpresa em relação às notícias ligadas ao esquema e ao envolvimento de seu assessor nas investigações. “Assim que tomei conhecimento dos fatos, determinei a exoneração imediata do servidor, que exercia apenas funções de apoio junto à comunidade, sem qualquer atribuição administrativa no gabinete. Confio na apuração da Justiça e, caso seja comprovado o envolvimento, que o responsável seja punido com o rigor da lei”, afirmou a parlamentar em nota.
A crise na administração pública e o afastamento do prefeito
O desdobramento das investigações não se limitou ao assessor, pois a operação da Polícia Federal aponta também para o possível envolvimento do prefeito Marcelo Lima (Podemos), que foi afastado do cargo por um ano em decorrência das mesmas. A Justiça decidiu que ele deve usar uma tornozeleira eletrônica e está proibido de sair de casa durante a noite e em fins de semana. Além disso, o prefeito não pode ter contato com outros investigados.
Com o afastamento de Lima, a vice-prefeita Jéssica Cormick (Avante) assume o cargo. Cormick, que tem 38 anos e é sargento da Polícia Militar de São Paulo desde 2005, deixou a corporação no ano passado para se juntar a Marcelo Lima na chapa, ocupando a posição de vice.
O impacto das investigações na cidade
A operação da Polícia Federal revelou um esquema mais amplo de corrupção e lavagem de dinheiro, que já rendeu a apreensão de cerca de R$ 14 milhões em um dos imóveis envolvidos. A PF destaca que esses recursos, incluindo uma parte em dólar, foram encontrados com um servidor que atua como operador financeiro do prefeito. Os indícios de corrupção se estendem a vários contratos firmados nas áreas de obras, saúde e manutenção dentro da prefeitura.
Além de Neto e Lima, a operação resultou em prisões de dois empresários e de um servidor municipal. As investigações continuam em andamento, e cerca de R$ 1,9 milhão em dinheiro vivo foi apreendido, mas a contagem ainda está sendo finalizada.
O esquema de corrupção e suas conexões com figuras políticas locais não apenas impactam a reputação do governo municipal, mas também levantam questões sobre a transparência e a integridade nas administrações públicas do Brasil. As repercussões dessa operação ainda devem ser sentidas em São Bernardo do Campo e nas esferas políticas envolvidas nos próximos meses.
As autoridades seguem vigilantes e os cidadãos aguardam ansiosamente por desdobramentos que possam assegurar a responsabilização dos envolvidos e a reestruturação da confiança nas instituições públicas.