Os Estados Unidos revogaram o visto da mulher e da filha do ministro da Saúde, Alexandre de Padilha (PT). A informação foi confirmada por meio de um e-mail do Consulado Geral dos EUA em São Paulo, enviado na manhã desta sexta-feira. As duas, que se encontram no Brasil, foram notificadas sobre a suspensão do visto, que já era um tema de preocupação nas últimas semanas.
Aumento das críticas ao governo Trump
As tensões entre o Brasil e os Estados Unidos aumentaram nas últimas semanas, especialmente com as críticas do ministro de Saúde ao presidente americano, Donald Trump. Em uma entrevista concedida ao jornal O GLOBO no dia 2 deste mês, Padilha destacou que “os arroubos de Trump” poderiam ser uma oportunidade para o Brasil diversificar suas parcerias internacionais e fortalecer laços com outros países, especialmente na área da saúde pública.
O cancelamento dos vistos da família de Padilha foi antecipado pelo portal G1. Vale ressaltar que o visto do próprio ministro já estava vencido desde o ano passado, e ele não foi alvo dessa medida específica, o que levanta questões sobre a motivação por trás dessa decisão da administração Trump.
Impacto nas relações dos EUA com ex-funcionários do programa Mais Médicos
Na quarta-feira, o Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou a revogação do visto de funcionários brasileiros que atuaram no programa Mais Médicos. Entre os atingidos por essa sanção estão Mozart Julio Tabosa Sales e Alberto Kleiman, ambos ex-funcionários do Ministério da Saúde, que estiveram envolvidos no planejamento e na implementação desse importante programa de saúde brasileira.
Essas medidas levantam preocupações sobre como os EUA estão lidando com questões de saúde pública e cooperação internacional, além de refletirem um clima de hostilidade em relação a ex-integrantes de programas que, em muitos casos, foram cruciais para a melhoria da saúde em comunidades menos favorecidas no Brasil.
A resposta do governo brasileiro
A ministra das Relações Institucionais do governo, Gleisi Hoffmann, também se manifestou sobre a suspensão do visto da família de Padilha. Em uma postagem nas redes sociais, Hoffmann se referiu à situação como uma “covardia” e criticou a postura do governo Trump. Ela afirmou: “Punir uma criança, a família do ministro Padilha, como fez o governo Trump provocado por Bolsonaro, é muita covardia. É assim que agem a extrema-direita e seus cúmplices”.
Além disso, a ministra destacou o orgulho que o Brasil sente pelo ministro Padilha e por sua equipe, que fizeram contribuições significativas ao país por meio do programa Mais Médicos, especialmente em um momento crítico como a pandemia de Covid-19. Esse comentário ecoa entre muitos que acreditam na importância da cooperação internacional na área da saúde.
O futuro das relações Brasil-EUA
A situação levanta questões sobre o futuro das relações entre Brasil e Estados Unidos. A capacidade do Brasil de dialogar com o governo americano pode ser afetada por essas tensões, especialmente em momentos em que a África e países da Ásia buscam parcerias mais firmes com o Brasil. A administração atual, que critica as posturas da extrema-direita americana, poderá encontrar maneiras de estabelecer novas alianças, especialmente na saúde pública.
Enquanto isso, a saída de jovens médicos e especialistas estrangeiros do Brasil, impulsionada por ações como a revogação de vistos, pode impactar seriamente a saúde pública brasileira, que já enfrenta desafios significativos, principalmente após a pandemia. O Brasil, que já foi referência em programas de saúde pública, agora se vê diante de um novo panorama, onde a diplomacia e a política externa poderão determinar o sucesso ou o fracasso de futuras iniciativas.
Este contexto geopolítico serve como um lembrete de que as decisões que parecem administrativas podem ter efeitos profundos sobre a vida das pessoas, além do que se revela no cenário político. As consequências dessa revogação de vistos ainda estão por se desdobrar, mas os olhos do Brasil e do mundo estarão atentos às respostas de ambos os governos nos próximos dias.
