Com uma proposta ousada, poética e politicamente sensível, o espetáculo “O Movimento Rápido dos Olhos” chega ao público em sua estreia oficial durante o Festival de Teatro Lusófono 2025, na cidade de Teresina, Piauí. A montagem é fruto do projeto Oniroscópio: A Máquina dos Sonhos, idealizado por Chico Henrique contemplado pelo Programa Rumos Itaú Cultural 2023–2024, e desenvolvido na oficina-laboratório da Trupe Motim de Teatro, sediada em Quixeré, Ceará.
A obra propõe uma travessia cênica através dos limites do real, entre sonho e vigília, indivíduo e coletivo, memória e manipulação. Com dramaturgia fragmentária e simbolista, onde a narrativa se revela por meio de imagens, estados rituais e interações diretas com os espectadores. O espetáculo se desenrola como um teatro de imagens e sensações, entre sombras, engrenagens, máscaras, bonecos e projeções.
Com direção e criações visuais de Chico Henrique, a peça conta com a consultoria dramatúrgica de Maria Vitória, consultoria de maquinarias e dramatúrgica de Luciano Wieser (De Pernas Pro Ar) e provocações criativas em teatro expandido de Flávio Gonçalves e Rubens Velloso (Phila 7). Oficinas de teatro de sombras com Cleomir Alencar também compõem o processo formativo da montagem. A trilha sonora original, assinada por Karina Buhr e Rami Freitas, é uma extensão dramatúrgica da obra. Ela acompanha os climas do espetáculo, oscilando entre colapso social e delírio poético, culminando em uma canção final que entrelaça memórias brasileiras com poesia e denúncia.
Vários elementos da cenografia do espetáculo — incluindo a máquina Oniroscópio, os bonecos, adereços e dispositivos de luz — é criada a partir de materiais reciclados e reaproveitados, garimpados em ferros-velhos, fundos de quintal e doações diversas. Cada peça carrega histórias e usos anteriores, sendo ressignificada em sua função e forma. Metais enferrujados, couros antigos, tecidos, plásticos, brinquedos quebrados, engrenagens, peças automotivas e objetos domésticos ganham nova vida ao compor esse universo onírico e mecânico. O resultado é uma cenografia pulsante, que transforma o descarte em poesia visual e reinventa a máquina dos sonhos a partir do que foi esquecido.
A encenação se inspira em mestres como Tadeusz Kantor, Antonin Artaud, David Lynch e Alejandro Jodorowsky, construindo uma linguagem própria, ritualística e imagética. O resultado é uma obra que confronta suavemente, com lirismo e crítica, temas como a manipulação de narrativas, o esfacelamento da identidade coletiva e o direito de sonhar.
Comprometido com o acesso pleno à experiência artística, o espetáculo contará com interpretação em Libras e audiodescrição em todas as apresentações. A proposta é garantir que o teatro sensorial e simbólico de “O Movimento Rápido dos Olhos” seja também um espaço acessível.
“Contar com o apoio do Programa Rumos Itaú Cultural 2023–2024 foi essencial para a realização do projeto. Essa parceria nos permitiu explorar novos caminhos da linguagem teatral, cruzar fronteiras criativas e dar vida a uma obra que carrega nossas inquietações, afetos e desejos. Somos profundamente gratos pela confiança, pela escuta atenta e por caminhar conosco nessa construção”, pontua Chico Henrique.

Ficha técnica
Criação e Direção: Chico Henrique; Consultoria dramatúrgica: Maria Vitória; Consultoria de maquinarias e dramatúrgica: Luciano Wieser (Grupo De Pernas Pro Ar); Teatro expandido: Flávio Gonçalves e Rubens Velloso (Phila 7); Oficina de teatro de sombras: Cleomir Alencar; Trilha sonora original: Karina Bhur e Rami Freitas; Produção: Janaíle Soares e Chico Henrique; Elenco: Janaíle Soares, Chico Henrique e Mahara; Cenografia: Chico Henrique e Renê Lima; Audiovisual e Projeções: Chico Henrique e Jadson Matias; Realização: Trupe Motim de Teatro.
“Este projeto tem o apoio do Programa Rumos Itaú Cultural 2023-2024”
SINOPSE “O Movimento Rápido dos Olhos”
O que acontece quando seus sonhos são conectados a um dispositivo Oniroscópio? E se suas memórias não fossem mais suas? Em um lugar onde nada é dito, mas tudo é revelado por sombras, engrenagens e delírios luminosos, uma máquina é acionada e manipula imagens, desejos e medos como se fossem matéria. Um experimento proibido entre o devaneio, desejos coletivos e o colapso, onde o público corre o risco de se ver por dentro.
Com informações da Ascom