Brasil, 15 de agosto de 2025
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Declínio na participação em missas impulsionado por reformas do Vaticano II

Estudo econômico recente aponta que reformas do Vaticano II contribuíram para queda na frequência às missas em países de maioria católica

Um estudo publicado pelo National Bureau of Economic Research (NBER) concluiu que a implementação de reformas associadas ao Vaticano II provavelmente influenciou a redução na frequência às missas em 66 países, especialmente os de tradição católica. A pesquisa analisa dados históricos de mais de 1.900 estatísticas de filiação religiosa e tendências de participação em missas nas últimas décadas.

Impacto do Vaticano II na assiduidade às missas

De acordo com os pesquisadores, a taxa de frequência mensal às missas diminuiu significativamente mais rápido em países de tradição católica do que naqueles protestantes após o início da implementação do Vaticano II, na década de 1960. A tendência começou logo após o concílio e acentuou-se a partir de 1965, com uma queda média de 4 pontos percentuais por década nas nações católicas até os anos 2010.

O estudo rejeita a hipótese de que o declínio geral seja consequência exclusivamente de uma secularização global, reforçando que o abalo específico na prática religiosa católica está diretamente ligado às mudanças provocadas pelo Vaticano II. “A redução na frequência aos sacramentos é específica ao catolicismo, ao qual as reformas do Vaticano II se aplicaram diretamente”, afirmam os autores.

Opiniões de especialistas sobre as reformas do Vaticano II

O economista de Harvard Robert Barro, um dos autores do estudo, destacou que “antes do Vaticano II, os comportamentos de católicos e não católicos eram similares”. Ele afirmou que a queda de até 20 pontos percentuais na frequência aos sacramentos católicos, comparada à Protestante, é uma consequência clara das mudanças promovidas pelo concílio.

Barro também observou que, embora o estudo não possa excluir totalmente outras influências culturais, a implementação do Vaticano II teve efeito “profundo, alterando a percepção sobre a Igreja e sua autoridade”.

A também economista Rachel McCleary, da Harvard e esposa de Barro, acrescentou que “a implementação do Vaticano II teve um efeito secularizador na Igreja, fazendo com que ela perdesse sua marca distintiva”. Ela argumenta que as mudanças internas geraram conflitos que contribuíram para o declínio da participação.

Fatores socioculturais e os efeitos das mudanças

O estudo cita autores sociológicos que discutem a implementação do Vaticano II como um fator que teria afetado a percepção da Igreja como uma instituição inquestionável e imutável. Entre essas mudanças estão o uso da língua local na missa, maior abertura ecumênica, debates internos sobre controle de natalidade e a busca por sacerdotes secularizados.

O padre Paul Sullins, especialista na Ruth Institute, destacou que é importante distinguir entre o conteúdo do concílio e os efeitos sociais decorrentes de sua recepção. Para ele, alguns líderes eclesiásticos agiram de acordo com o “espírito do Vaticano II”, o que nem sempre refletiu as decisões originais do concílio, contribuindo para o declínio.

Por outro lado, outros especialistas, como o apologista Tom Nash, criticam o estudo por não distinguir claramente entre o concílio e as interpretações posteriores, alertando que fatores culturais como a discussão sobre anticoncepção também influenciam o cenário.

Perspectivas futuras para a participação na Eucaristia

O relatório sugere que o fortalecimento da reverência e o aumento do acesso à confissão podem ajudar a revitalizar a frequência às missas. Segundo Nash, ações como oferecer adoração eucarística, promover atitudes de maior respeito na recepção da comunhão e ampliar horários de confissão podem favorecer uma maior participação dos fiéis.

Os autores do estudo ressaltam que, embora o impacto do Vaticano II seja significativo, a participação religiosa também é influenciada por fatores culturais e sociais mais amplos. Assim, as estratégias de revitalização devem considerar múltiplas dimensões da experiência religiosa.

O estudo completo está disponível no site do National Bureau of Economic Research.

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