Na manhã de segunda-feira, o ex-presidente Donald Trump anunciou um plano que preocupa a sociedade americana e especialistas. Ele propôs aumentar o controle do governo federal sobre a polícia de Washington, DC, levantando temores de uma guinada autoritária no país.
Controle federal sobre a polícia de Washington, DC — um movimento preocupante
Em coletiva de imprensa, Trump revelou que invocaria a Seção 740 do Distrito de Columbia Home Rule Act, colocando a Polícia Metropolitana de Washington sob controle direto do governo federal. Essa medida, segundo analistas, poderia marcar um passo rumo ao autoritarismo.
Durante a fala, Trump destacou a necessidade de combater o que chamou de “problemas fora de controle” na capital, citando altas taxas de criminalidade e o uso de forças militares para “resgatar” a cidade. “Vamos tirar Washington das mãos dos criminosos e gangs violentos”, declarou.
Reforço militar e reestruturação de segurança
O ex-presidente anunciou a ativação da Guarda Nacional, permitindo que as forças atuem de forma mais efetiva. Segundo Trump, o objetivo é restabelecer a segurança pública e “recuperar” o controle do governo local, que, segundo ele, estaria dominado pelo crime
.
Apesar de os dados oficiais mostrarem que a criminalidade em DC caiu 35% em relação ao início do ano, conforme relatório do Departamento de Justiça, Trump alegou que a cidade está “tomada por gangues e criminosos”.
Reações e preocupações na sociedade e na política
Especialistas alertam que esse tipo de ação é recorrente na história de regimes autoritários. Richard Stengel, ex-secretário do Governo dos EUA, afirmou que “autocratas frequentemente usam justificativas falsas para ampliar o controle governamental sobre as forças locais, preparando o terreno para uma tomada de poder mais ampla”.
Nas redes sociais, comentários de internautas demonstram preocupação e desconfiança em relação às intenções de Trump. Usuários do Reddit, por exemplo, qualificaram ações do ex-presidente como “fascismo se desenrolando antes dos nossos olhos” e alertaram sobre o risco de estabelecimento de uma “ditadura definitiva”.
“Isso é uma tentativa de estabelecer o Estado de emergência como desculpa para suprimir protestos, limitar liberdades e consolidar o poder”, comentou um usuário na plataforma. Outros temem que, na prática, as ações possam servir para impedir manifestações contra o governo ou influenciar o resultado de futuras eleições.
Desacordo com dados oficiais e críticas
Enquanto Trump afirma que os níveis de criminalidade estão fora de controle, dados oficiais indicam o contrário. O Departamento de Justiça revelou que os índices de crime violento em Washington estão entre os mais baixos dos últimos 30 anos, com uma redução de 35%. A Polícia Metropolitana de DC também aponta queda de 26% nos crimes em relação ao ano passado.
Prefeita de Washington, Muriel Bowser, declarou à MSNBC que “não estamos enfrentando um aumento de crime. Na verdade, nossos números continuam a cair”, reforçando a divergência entre os dados oficiais e a narrativa do ex-presidente.
Impacto e perspectivas futuras
Especialistas e líderes civis alertam que ações como essas representam uma ameaça direta à democracia dos EUA. “Historicamente, regimes autoritários usam pretextos falsos para ampliar o controle, criando base para uma tomada de poder mais ampla. O que estamos vendo agora é uma ameaça real à liberdade e ao Estado de Direito”, afirmou Stengel.
Analistas têm enfatizado que o próximo passo depende da resposta da sociedade e das instituições democráticas. Por ora, o episódio reforça a preocupação de que os Estados Unidos estejam na véspera de uma escalada autoritária, colocando em risco valores fundamentais do país.