A Polícia Científica está promovendo um mutirão de coleta de DNA em Ribeirão Preto (SP) para auxiliar familiares na busca por pessoas desaparecidas. Esta iniciativa se torna ainda mais urgente diante da situação alarmante na região, onde cerca de 50 famílias anseiam por respostas sobre o paradeiro de seus entes queridos, desaparecidos há semanas, meses ou até anos.
Contexto da situação de desaparecidos na região
De acordo com informações do Necrotério Policial de Ribeirão Preto, existem atualmente 15 corpos sem identificação e 32 registros de pessoas desaparecidas. Para tentar avançar na identificação dessas vítimas, a coleta de DNA será realizada durante esta semana, com término previsto para a próxima sexta-feira, dia 15.
O procedimento, que é simples e gratuito, deve ser realizado por parentes de primeiro grau, como filhos, pais ou irmãos. Essa exigência se deve ao fato de que a avaliação genética se torna mais precisa com pessoas que compartilham uma relação direta.
A importância do Banco Nacional de Perfis Genéticos
O material coletado durante o mutirão será registrado no Banco Nacional de Perfis Genéticos, facilitando o cruzamento de dados com restos mortais e indivíduos desaparecidos em todo o Brasil. Em caso de uma correspondência positiva entre o DNA do familiar e um perfil no banco de dados, o Instituto Médico Legal (IML) entrará em contato com a família, garantindo que eles sejam informados sobre qualquer progresso na identificação.
Alex Bettucci, atendente do necrotério do IML, enfatiza que mesmo se a pessoa desaparecida não for encontrada de imediato, o banco de dados continua a buscar automaticamente. “A partir do momento que o material deste familiar entra no banco, é feita uma análise inicial. Se houver compatibilidade, eles [IML] avisam a família. Se não houver um resultado imediato, a busca continua com novas atualizações no banco,” explica Bettucci.
Detalhes sobre a coleta de DNA
De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, a coleta de DNA é um processo acessível e sem custos, onde os familiares podem doar material biológico raspando a parte interna da bochecha ou retirando uma gota de sangue do dedo. Além disso, objetos pessoais que contenham DNA, como escovas de dentes ou cabelos, também podem ser levados para serem analisados.
É imprescindível apresentar um documento de identificação e uma cópia do boletim de ocorrência do desaparecimento para realizar o procedimento. O material genético coletado será utilizado exclusivamente para identificar desaparecidos e não será utilizado para nenhuma outra finalidade.
Experiência de familiares em busca de respostas
A situação de desespero e anseio por respostas é palpável entre as famílias afetadas. Adriana de Oliveira Silva, por exemplo, busca informações sobre seu irmão, José Maria de Oliveira Júnior, desaparecido desde abril de 2014. Ele tinha apenas 18 anos na época e desapareceu durante um passeio com amigos no Parque Ribeirão. “A dor é imensa. Nossa família foi destruída desde então. Queremos saber o que aconteceu, não importa se encontramos apenas os restos dele. O que precisamos é encerrar esta história,” desabafa Adriana, que recentemente doou seu DNA no IML.
Alex Bettucci reafirma a importância do mutirão, utilizando a atualização constante do banco de dados: “Estamos buscando alguém que está desaparecido há dias, meses ou anos. A família deseja uma resposta, que pode não ser que a pessoa esteja viva, mas encerra uma história que está aberta há muito tempo,” enfatiza.
Como participar do mutirão de coleta
O mutirão abrange diversas cidades ao redor de Ribeirão Preto, incluindo Brodowski, Cajuru, Cravinhos, Dumont, Jardinópolis, Pontal, Sertãozinho e Serrana. A coleta de DNA ocorre no Necrotério Policial, que fica localizado na Rua São Sebastião, 1339, no centro de Ribeirão Preto. Os interessados podem agendar o procedimento pelo telefone (16) 3636-2709 ou pelo site oficial da Polícia Científica.
Essa ação representa um passo importante para aqueles que buscam respostas sobre os desaparecidos e demonstra a dedicação das autoridades em restaurar a esperança nas famílias que enfrentam essa triste realidade. Ao longo da campanha realizada em 2024, 1.645 amostras foram coletadas e ajudaram a identificar 35 pessoas desaparecidas em todo o Brasil, um resultado que traz esperança e motivação para as iniciativas atuais.
**Sob a supervisão de Flávia Santucci**
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