Com um coração pulsante pela arte, Paolo Violini assumiu recentemente a liderança do Laboratório de Restauração de Pinturas e Materiais de Madeira dos Museus Vaticanos. Em entrevista ao Vatican News, ele expressou sua emoção ao trabalhar na proteção de obras de grande valor histórico e cultural para a humanidade. Dentre os projetos mais aguardados, a restauração da Loggia de Rafael e uma intervenção especial na obra-prima de Michelangelo na Capela Sistina, o Juízo Final, que ocorrerá até a Páscoa.
Desafios à frente com a Loggia de Rafael
Violini, que iniciou sua carreira nas Salas de Rafael, tem um passado rico em experiências que o prepararam para este novo desafio. Desde 1988, ele se dedica à pesquisa e conservação de obras-primas da coleção pontifícia, destacando-se pela restauração da Sala da Signatura em 2000 e da Sala de Eliodoro em 2012. Agora, ele está animado para completar o ciclo com a sala “Fogo no Borgo”, que representa um marco na transição entre Rafael e sua oficina.
Essa obra, responsável por uma exploração significativa na produção artística de seu tempo, ainda está em andamento, mas Violini vê um horizonte promissor. “Compreender melhor os afrescos da Sala de Constantino nos permitirá honrar o legado de Rafael e seus discípulos”, destaca o restaurador.
Preparativos para o Juízo Final
A partir de janeiro de 2026, os olhares estarão voltados para a manutenção extraordinária do Juízo Final. Este projeto exigirá um esforço considerável, já que as intervenções visam preservar os afrescos, que sofrem com o desgaste ocasionado pela grande quantidade de visitantes. “O objetivo é terminar em março, liberando a parede antes da Semana Santa”, prevê Violini.
Os trabalhos envolverão a montagem de andaimes abrangentes para garantir visibilidade ao público, além de permitir que até 12 restauradores trabalhem simultaneamente. “Esse projeto nos dará uma oportunidade única de interação próxima com a obra”, enfatiza o chefe do laboratório.
Restauração da Loggia de Rafael: um patrimônio compartilhado
Além da Capela Sistina, o projeto de restauração da Loggia de Rafael se destaca como uma das iniciativas mais importantes. Este projeto, que se estenderá por cinco anos, abrange quatorze tramos de estuque e afrescos criados por Giovanni da Udine. Segundo Violini, essa obra é um “patrimônio da humanidade” que representa a reverberação do estilo decorativo do ‘grotesco’, desde a antiguidade romana até o século XVI.
Paixão pela preservação e conhecimento contínuo
Com uma equipe de 26 restauradores dedicados, Violini destaca a importância da paixão pelo ofício e a continuidade do conhecimento ao longo das gerações. “Cada um de nós carrega um legado, e é nosso dever preservá-lo”, ressalta. A história do laboratório, fundado em 1923, é marcada por um compromisso ininterrupto com a conservação e a restauração. Isso cria uma conexão vital entre o presente e o passado, permitindo que a rica tradição do Vaticano seja mantida viva.
A ética da restauração no Vaticano
Violini enfatiza que a abordagem da restauração vai além da preservação física das obras. No Vaticano, há um cuidado especial pelo valor imaterial que cada peça carrega, uma mensagem de fé e arte que deve ser respeitada. “Assim como um médico cuida de seu paciente, nós cuidamos das obras, reconhecendo sua importância cultural e espiritual”, explica.
Essa filosofia de trabalho assegura que, mesmo com o avanço da tecnologia, a essência das obras-primas permanece intacta, permitindo que futuras gerações também apreciem e respeitem esse legado histórico. O laboratório interno dos Museus Vaticanos é, portanto, um bastião de preservação, comprometendo-se a garantir que o rico patrimônio artístico da instituição continue a brilhar nos próximos séculos.
A restauração de obras-primas não é apenas uma questão técnica, mas uma missão sagrada que Paolo Violini e sua equipe aceitam com gratidão e responsabilidade. O futuro promete inovações e desafios, mas também a continuidade de uma tradição que veneramos e preservamos com fervor.
