O Nubank, maior banco digital da América Latina, anunciou nesta quinta-feira (14) uma piora na qualidade de crédito no Brasil, em linha com as expectativas de analistas. A taxa de inadimplência de 90 dias da fintech subiu 10 pontos-base no segundo trimestre, atingindo 6,6%, enquanto as inadimplências entre 15 e 90 dias caíram 30 pontos-base, para 4,4%, conforme comunicado oficial.
Impacto da deterioração de crédito no Nubank
A maior parte da deterioração vem de cartões de crédito e empréstimos pessoais, os principais negócios da instituição no Brasil. Segundo dados do Banco Central, a inadimplência de pessoas físicas no país aumentou 0,7 ponto percentual em junho, chegando a 4,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Apesar dos números mais preocupantes, o CFO Guilherme Lago afirmou que “todas as classes de ativos que operamos no Brasil, México e Colômbia estão indo melhor ou marginalmente melhor do que o esperado”. Ele destacou que a deterioração macroeconômica que vinha sendo discutida desde o final do ano passado não se reflete nos indicadores de crédito da empresa, incluindo os números de agosto.
Ajustes no modelo de crédito e perspectivas futuras
Para mitigar os efeitos da deterioração, o Nubank ajustou seu modelo de avaliação de crédito no Brasil, passando a abranger cerca de um terço de seus clientes, o que permitiu ampliar limites de crédito de alguns deles. A previsão é que essa mudança seja implementada em toda a base de clientes até o final de 2025.
A companhia projeta manter o ritmo de crescimento do crédito até o fim do ano, mesmo com as adversidades do cenário macroeconômico. A estratégia inclui a adaptação de políticas de risco e limites de crédito, buscando equilibrar expansão e controle de inadimplência.
Mercado e desafios internos
Com um valor de mercado de US$ 57,6 bilhões, o Nubank perdeu o título de maior valor da América Latina para o Itaú, no mês passado, motivado por preocupações dos investidores com a deterioração dos índices de inadimplência. Além disso, a fintech enfrentou uma saída significativa de executivos de alto escalão, incluindo o CTO Vítor Olivier, que anunciou sua saída para focar em negócios de inteligência artificial, e outros líderes como Youssef Lahrech e Jag Duggal.
Apesar dessas questões internas, as ações do Nubank tiveram uma valorização de 15% neste ano, recuperando-se após uma forte queda em fevereiro, quando perderam US$ 12 bilhões em valor de mercado após resultados trimestrais abaixo das expectativas.
Considerações finais
Especialistas do setor financeiro avaliam que, apesar do aumento na inadimplência, o Nubank conseguiu manter uma estratégia de crescimento cauteloso e ajustes no modelo de crédito que podem garantir a continuidade da expansão do portfólio de crédito até o fim de 2025. A atenção permanece voltada às próximas medidas da empresa diante do cenário econômico global e regional.
Mais detalhes podem ser acompanhados na matéria completa do O Globo.