A Justiça do Rio de Janeiro autorizou o funkeiro Marlon Brendon Coelho Couto, conhecido como MC Poze do Rodo, a realizar shows fora do estado após sua liberção da prisão. A decisão foi tomada após o músico ser beneficiado com um habeas corpus em 3 de junho, permitindo sua saída. Este caso gerou grande repercussão, uma vez que Poze está envolvido em sérias investigações criminais, incluindo apologia ao crime e tráfico de drogas.
Medidas cautelares e a devolução da BMW
Depois da soltura, a Justiça decidiu devolver ao cantor sua BMW, que havia sido apreendida durante sua prisão. A juíza Beatriz de Oliveira, da 1ª Vara Criminal Regional de Jacarepaguá, justificou sua decisão ressaltando que a atividade profissional de Poze sustenta muitas famílias, e que a manutenção de medidas cautelares que o impedissem de se apresentar poderia ser considerada uma antecipação de pena.
A juíza analisou também que não havia evidências claras de que o veículo tivesse sido utilizado para atividades criminosas. Apesar da liberação para apresentações, quatro medidas cautelares ainda permanecem em vigor. Entre elas, estão a proibição de mudar de endereço sem comunicação ao juiz e a proibição de manter contato com pessoas investigadas no processo criminal.
Investigação e polêmica
MC Poze do Rodo foi preso no dia 29 de maio por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), devido a investigações que apontam apologia ao crime e sua possível ligação com o tráfico de drogas, especificamente ligado à facção Comando Vermelho. De acordo com as autoridades, o cantor costuma realizar shows em áreas dominadas pelo tráfico, o que levanta suspeitas sobre a segurança dos eventos e a participação de traficantes armados.
As letras das músicas de Poze também foram alvo de críticas, com a polícia afirmando que elas incitam a violência e a criminalidade, o que configura apologia ao tráfico de drogas e associação criminosa. A DRE declarou que investigações estão em andamento para identificar outros possíveis envolvidos e os financiadores das ações criminosas relacionadas aos shows do artista.
A reação do advogado e a narrativa de criminalização
Fernando Henrique Cardoso, advogado de MC Poze e de outros artistas citados em investigações semelhantes, argumenta que há uma narrativa de perseguição a certos gêneros musicais, lembrando que o samba já foi criminalizado no passado. Segundo ele, a criminalização de manifestações artísticas guarda relação com preconceitos sociais, e que o foco em gêneros como o funk é uma tentativa de marginalizá-lo.
Contexto do caso e considerações finais
A prisão de Poze gerou uma discussão ampla em torno da relação entre arte, liberdade de expressão e a criminalização de determinadas expressões culturais. O palco onde ele se apresenta é frequentemente associado ao tráfico, o que levanta questões complexas sobre a responsabilidade dos artistas em suas letras e performances.
Com a autorização para realizar shows fora do Rio, muitos esperam que o artista consiga se reinstaurar na indústria musical, enquanto o debate sobre sua responsabilidade e o impacto de suas letras continua a fervilhar. A importância deste caso não reside apenas na liberdade de Poze, mas também nas implicações sociais mais amplas sobre as manifestações culturais e a relação entre música e crime no Brasil.
O desdobramento contínuo deste caso será observado atentamente, tanto pelo público quanto pelas autoridades, à medida que a carreira de MC Poze do Rodo avança sob um olhar crítico do sistema judiciário e da sociedade.