No contexto das preparações para a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que será realizada em Belém, a atitude dos governadores de direita Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Júnior (PSD-PR) está chamando atenção. Ambos se recusaram a assinar uma carta de apoio ao evento, que reuniu representantes de 19 estados brasileiros. O movimento reflete um descompasso nas posições políticas em relação a temas ambientais, especialmente em ano eleitoral, onde Zema e Ratinho Júnior já se posicionam como presidenciáveis para 2026.
Reunião dos governadores: ausências notáveis
A carta foi apresentada no Fórum Nacional dos Governadores, e, além de Zema e Ratinho, outros governadores que também não compareceram foram Ronaldo Caiado (União-GO), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Eduardo Leite (PSD-RS). Apesar das ausências, as assinaturas de vice-governadores ou representantes legais mostraram que o apoio à COP30 é significativo, com nomes como Wilson Lima (União-AM) e Cláudio Castro (PL-RJ) figurando entre os signatários. A ausência de Zema e Ratinho gerou especulações sobre uma possível estratégia maior entre os governadores de direita, que cogitam um boicote ao evento.
COP30: um tema controverso
Conforme noticiado pela coluna do GLOBO, a articulação entre governadores de direita sugere que eles estão comparando a COP30 com a Copa do Mundo de 2014, levantando críticas sobre a priorização de grandes eventos em detrimento de problemas mais urgentes, como o saneamento básico. A ideia de boicote ao evento reflete um descontentamento com os gastos e uma busca por uma abordagem mais crítica em relação às demais questões sociais e ambientais que afetam suas regiões.
Enquanto isso, o documento assinado pelos demais governadores ressalta o simbolismo de realizar a COP30 na Amazônia, enfatizando a importância de fortalecer a liderança do Brasil em questões ambientais. “A promoção da COP30, como agendada e em avançado estágio de organização, expressa o compromisso dos estados subnacionais brasileiros com as diretrizes climáticas mundiais”, afirma a declaração, que também defende a soberania da Amazônia e o reconhecimento dos direitos dos povos indígenas.
Desdobramentos e reações
A repercussão sobre a posição dos dois governadores é amplamente debatida nas redes sociais e veículos de comunicação. A reportagem procurou as equipes dos governadores Zema e Ratinho para solicitar uma posição oficial, mas ainda não obteve resposta. A ausência de apoio explícito à COP30 pode influenciar na percepção pública e na política ambiental dos dois estados, especialmente em um momento onde as preocupações globais com a mudança climática são cada vez mais evidentes.
Além de suas implicações políticas, a situação destaca um aprofundamento na polarização entre esquerda e direita em questões ambientais no Brasil. A crítica à falta de comprometimento com eventos como a COP30 pode afetar a imagem dos governadores e suas candidaturas futuras. Isso evidencia a importância da questão ambiental não apenas como um debate tangencial, mas como um tema central nas agendas políticas brasileiras.
Lista dos assinantes da carta de apoio à COP30
Abaixo, segue a lista dos representantes dos estados que assinaram a carta em apoio à COP30:
- Governador Gladson Camelí (Acre);
- Governador em exercício, Ronaldo Lessa (Alagoas);
- Governador Clécio Luís (Amapá);
- Governador Wilson Lima (Amazonas);
- Vice-governadora Jade Romero (Ceará);
- Governador Renato Casagrande (Espírito Santo);
- Vice-governador Daniel Vilela (Goiás);
- Governador Mauro Mendes (Mato Grosso);
- Governador em exercício, Barbosinha (Mato Grosso do Sul);
- Governador Helder Barbalho (Pará);
- Vice-Governador Lucas Ribeiro (Paraíba);
- Governadora Raquel Lyra (Pernambuco);
- Governador Cláudio Castro (Rio de Janeiro);
- Governadora Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte);
- Vice-governador Gabriel Souza (Rio Grande do Sul);
- Vice-governador Sérgio Gonçalves (Rondônia);
- Vice-governador Felicio Ramuth (São Paulo);
- Governador Fábio Mitidieri (Sergipe);
- Governador Wanderlei Barbosa (Tocantins).
O cenário se desenrola de maneira complexa e as próximas semanas prometem trazer novos desenvolvimentos e um desfecho para esta controversa relação entre governadores e suas posições em relação ao evento climático de maior importância global.