Brasil, 14 de agosto de 2025
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Celso Amorim acusa revogação de vistos americanos de ser provocação dos EUA

Antigo chanceler brasileiro critica a medida dos EUA, que revogou vistos de funcionários do governo por suposto esquema de trabalho forçado cubano

O principal conselheiro do presidente Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, avalia que a revogação de vistos americanos de dois brasileiros anunciada nesta quarta-feira é uma tentativa de provocar uma reação no Brasil para justificar ações mais absurdas por parte dos Estados Unidos.

Repercussões e contexto da crise bilateral

Na avaliação de Amorim, a medida dos EUA, que revogou vistos de Mozart Sales e Alberto Kleiman — ambos ligados ao programa Mais Médicos, criado em 2013 para contratar profissionais estrangeiros na saúde pública — representa uma escalada da crise entre os países. O Departamento de Estado justificou a ação como responsabilização pelo alegado esquema de exportação de trabalho forçado pelo regime cubano.

Intenções por trás das sanções

Celso Amorim afirmou ao GLOBO que a medida é, na sua visão, uma “total irracionalidade” ou uma provocação aos interesses brasileiros, aguardando uma reação que possa justificar ações mais duras. Ele comentou que a intenção parece ser criar um pretexto para ações mais absurdas por parte dos EUA, embora não saiba o objetivo exato.

Amorim destaca que a postura da Casa Branca reflete uma estratégia de pressionar o Brasil, possivelmente para justificar sanções adicionais ou provocações, como a expulsão do encarregado de negócios Gabriel Escobar, que atua como principal canal de interlocução entre os países.

Crise diplomática e a atuação dos EUA

Segundo interlocutores do governo brasileiro, Escobar foi chamado várias vezes pelo Itamaraty para manifestações de descontentamento, mas sua capacidade de influência é considerada limitada. A avaliação é de que o diplomata funciona mais como um “boneco de ventríloquo”, já que não possui uma relação próxima com a atual administração brasileira.

A ameaça de uma represália mais contundente, como a convocação ou expulsão de diplomatas, ainda não se concretizou. O governo brasileiro reafirmou seu “absoluto rechaço às reiteradas ingerências dos EUA em assuntos internos do Brasil”, em resposta às publicações da embaixada americana nas redes sociais, que questionaram ações do ministro do STF, Alexandre de Moraes.

Tensões e possíveis desdobramentos futuros

Desde o início do mês passado, os EUA, sob o governo de Donald Trump, anunciaram uma sobretaxa de 40%, além dos 10% já existentes, em uma tentativa de proteger o ex-presidente Jair Bolsonaro no processo contra ele no STF. O governo brasileiro insiste em que a prioridade seja a negociação comercial, descartando uma crise avança na relação diplomática.

Apesar da escalada, fontes próximas ao governo indicam que não há intenção imediata de ações drásticas, como a expulsão de diplomatas ou medidas severas contra autoridades americanas. A estratégia atual permanece no campo de diálogos e protestos formais, com a expectativa de que a situação possa ser amenizada com negociações.

Estima-se que as ações dos EUA tenham como objetivo criar um ambiente de cobrança e apoio a grupos políticos internos, alimentando tensões com o governo Lula. O consenso entre interlocutores é que Washington “estica a corda”, mas ainda busca manter canais de diálogo aberto.

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