A atividade comercial brasileira registrou uma retração de 0,1% na passagem de maio para junho, indicando a terceira queda consecutiva, conforme divulgou nesta quarta-feira (13) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Esse movimento faz parte de um cenário de estabilidade, com tendência de leve desaceleração.
Desempenho do comércio no primeiro semestre e fatores responsáveis
De acordo com o gerente da pesquisa, Cristiano dos Santos, o setor apresentou crescimento de 1,8% no acumulado do primeiro semestre, ainda que o recuo recente tenha freado esse avanço. “No geral, nesse primeiro semestre, a gente tem esse comportamento, um grande crescimento a ponto de chegar no topo em março, com esse arrefecimento, que está sendo bem lento”, analisa.
O recuo de junho reflete a influência de fatores como a diminuição do crédito, provocada pela alta taxa de juros, e o impacto da inflação sobre o consumo. Ao longo do semestre, a inflação oficial ficou acima da meta do governo, que é 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual. O Banco Central tem adotado a estratégia de elevar a taxa de juros para conter a escalada inflacionária, como detalha essa medida.
Perspectivas de mercado e indicadores positivos
Apesar das oscilações, existem sinais positivos no mercado de trabalho e renda, que sustentam o consumo. Em junho, o Brasil atingiu uma taxa de desemprego de 5,8%, a menor já registrada pela série histórica do IBGE, iniciada em 2012, além de recordes de rendimento dos trabalhadores. “Esses fatores fortalecem a confiança do consumidor e atenuam o impacto da desaceleração momentânea”, comenta Cristiano dos Santos.
Setores com retração e segmentos em crescimento
Na passagem de maio para junho, cinco das oito atividades pesquisadas apresentaram retração:
- Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,7%)
- Livros, jornais, revistas e papelaria (-1,5%)
- Móveis e eletrodomésticos (-1,2%)
- Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,9%)
- Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,5%)
Por outro lado, segmentos que cresceram foram:
- Outros artigos de uso pessoal e doméstico (1%)
- Tecidos, vestuário e calçados (0,5%)
- Combustíveis e lubrificantes (0,3%)
A pesquisa do IBGE é realizada com empresas formalizadas com 20 ou mais funcionários.
Comércio atacadista e perspectivas futuras
No comércio varejista ampliado, que compreende atividades de atacado — incluindo veículos, motos, material de construção e produtos alimentícios — o índice recuou 2,5% de maio para junho, porém acumula uma expansão de 2% nos últimos 12 meses. Segundo o levantamento, o setor ainda mantém sinais de resiliência apesar do ritmo de desaceleração.
Especialistas apontam que a trajetória de queda nos últimos meses deve continuar de forma moderada, diante das condições econômicas atuais, embora o setor preserve uma expectativa de retomada com a eventual diminuição da inflação e melhora do crédito no médio prazo.
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