Brasil, 15 de agosto de 2025
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Setor de pescado avalia medidas do governo Lula contra tarifaço

Após medidas do governo, setor de pescado é cauteloso, avaliando impactos e oportunidades em meio à taxa de exportação dos EUA.

O setor de pescado brasileiro está em um momento de cuidadosa avaliação após o recente anúncio do governo federal de um pacote de medidas para auxiliar empresas afetadas pelo “tarifaço” imposto por Donald Trump aos produtos brasileiros. Mesmo com a possibilidade de incentivos financeiros, como uma linha de crédito de R$ 30 bilhões, a palavra de ordem é cautela, principalmente em relação aos custos e viabilidade das ações propostas.

Medidas anunciadas pelo governo

No pacote anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, destacam-se diversos pontos que visam amparar o setor. Uma das principais medidas é a linha de crédito de R$ 30 bilhões, que tem como condição a manutenção dos empregos. Além disso, foram prometidos créditos tributários, com abatimentos que variam de 3,1% a 6% nas vendas para o exterior, além da autorização para que a União, Estados e Municípios realizem compras públicas de alimentos, especialmente para hospitais e escolas.

Juliano Kubitza, diretor de um dos maiores frigoríficos de tilápia no Brasil, localizado em Rifaina (SP), explica que os incentivos podem ser benéficos, mas é imperativo avaliar a viabilidade deles em relação aos custos operacionais das empresas. “A linha de crédito depende muito de quanto ela custa. A gente parte do princípio que é um dinheiro que você vai ter que devolver e pagar juros”, conclui.

Desafios enfrentados pelo setor de pescados

O setor de pescado brasileiro é um dos mais impactados pelas restrições imposta pelos Estados Unidos, que permitem uma alíquota de 50% sobre exportações de produtos pesqueiros. Essa taxação se tornou um grande desafio, visto que muitos frigoríficos têm a maior parte de sua produção destinada ao mercado norte-americano. Na empresa de Kubitza, por exemplo, cerca de 50% da produção de peixe – aproximadamente 20 toneladas por dia – é exportada para os EUA, resultando em um total de US$ 9 milhões em 2024.

“Ainda estamos em um momento de percepção, de como isso vai se encaixar. Agora, mais do que nunca, precisamos analisar o que o governo está propondo e entender como isso pode atender nossas necessidades específicas”, afirma Kubitza, ressaltando que a tilápia é um dos produtos mais afetados pelo tarifaço.

Alternativas e novos mercados

Apesar dos desafios, o frigorífico não cogita mudanças no sistema de produção, mas sim busca novas oportunidades no mercado interno e em outros países latino-americanos. Kubitza menciona que o Brasil possui um grande potencial de consumo, com uma população de cerca de 200 milhões de habitantes, o que pode atenuar a dependência do mercado externo. “Estamos estudando novas frentes, tanto no Brasil quanto em outros países da América Latina”, diz.

O economista Edgard Monforte Merlo acredita que esta abertura de novos mercados é uma das chaves para o futuro. “O importante é migrar da ajuda para uma estratégia de novos mercados. Dessa forma, você trabalha para dar mais estabilidade ao setor e evitar a vulnerabilidade a economias específicas”, explica.

Conclusão

O pacote de medidas do governo Lula para o setor de pescado provocou reações cautelosas na indústria. A potencial ajuda financeira e as novas possibilidades de mercado são vistas como oportunidades, mas o setor permanece atento e cauteloso em relação a custos e necessidade de adaptação frente às novas realidades do comércio exterior.

Enquanto as discussões seguem, os empresários buscam alternativas para diversificar sua atuação e, ao mesmo tempo, esperam que as medidas anunciadas realmente atendam suas necessidades específicas e impulsionem o setor pesqueiro em tempos desafiadores.

Com isso, o setor de pescado no Brasil continua a navegar em um cenário turbulento, mas com a esperança de que novas estratégias e políticas governamentais possam abrir portas para um futuro mais positivo.

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