O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou nesta terça-feira que o Federal Reserve (Fed) deveria estar aberto a um corte maior — de 0,5 ponto percentual — na taxa básica de juros no próximo mês, após a decisão de manter as taxas inalteradas na última reunião. Bessent sugeriu que essa redução poderia refletir melhor o cenário econômico atual, considerado por ele como suficientemente fraco para justificar a medida.
Juros nos EUA e avaliação de Bessent
Segundo o secretário do Tesouro, as taxas de juros nos EUA estão “excessivamente restritivas” e poderiam ser reduzidas em até 1,75 ponto percentual, já que atualmente os juros estão entre 4,25% e 4,5% ao ano. Ele destacou que, após a decisão do Fed de manter as taxas em julho, dados revisados mostraram um crescimento mais fraco do emprego em maio e junho do que os números iniciais indicavam, o que poderia ter justificado um corte em junho ou julho.
Inflação, tarifas e impactos na economia
Bessent comentou que, após o recente relatório de inflação, ficou claro que os analistas interpretaram de forma equivocada o impacto das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump. Ele ressaltou que a inflação de serviços aumentou, enquanto os preços de bens permaneçam mais contidos, contrariando as expectativas de alta generalizada.
“Tratamos de uma inflação muito estranha nos serviços, diferente do esperado”, afirmou. Além disso, observou que a inflação ao consumidor subiu 0,2% em relação ao mês anterior, e o núcleo do índice, que exclui alimentos e energia, apresentou alta de 0,3%, alinhada às projeções. Para Bessent, as taxas de juros atualmente são “excessivamente restritivas” e poderiam ser reduzidas significativamente.
Perspectivas sobre política monetária e indicações no Fed
Ele também reforçou sua esperança de que a indicação de Stephen Miran, assessor econômico da Casa Branca, para uma vaga no Conselho do Fed, seja confirmada a tempo da próxima reunião de política monetária, marcada para os dias 16 e 17 de setembro. Bessent destacou que Miran será uma voz importante na composição do órgão e que, caso confirme sua indicação, poderá permanecer por mais um mandato de 14 anos.
Sobre a sucessão ao presidente do Fed, Jerome Powell, cujo mandato termina em maio do próximo ano, Bessent comentou que a administração Trump está considerando uma “rede ampla” de nomes, e que há uma “mente muito aberta” na escolha do próximo líder da autoridade monetária.
Críticas e reformas na instituição
Bessent criticou custos do projeto de reforma da sede do Fed em Washington, dizendo que atualmente está reformando seu escritório às suas próprias custas, em resposta às críticas do Congresso e à resistência de alguns políticos, sobretudo republicanos, ao alto custo de US$ 2,5 bilhões na modernização do edifício.
Ele também comentou que o Fed tem enfrentado questionamentos por sua autonomia, considerando que o órgão “ficou inchado” ao longo do tempo, dificultando uma condução independente da política monetária. Além disso, citou que, após visitas ao canteiro de obras, o ex-presidente Donald Trump criticou duramente as reformas feitas pelo banco central.
Cenários econômicos e negociações internacionais
Em relação às negociações comerciais, Bessent afirmou que os Estados Unidos estão em uma posição “boa”, com resultados substantivos em acordos com países relevantes, e que os compromissos de investimento privados já ultrapassaram US$ 10 trilhões desde o retorno de Trump à Casa Branca. Ele também descartou a possibilidade de que investimentos chineses nos EUA façam parte de algum acordo comercial, destacando que essa questão não está na agenda atual.
Nas palavras do secretário, a expectativa é que as negociações avancem nos próximos meses, consolidando uma posição favorável aos interesses econômicos americanos, enquanto o governo mantém uma postura de maior abertura na nomeação do próximo presidente do Fed, considerando que a sucessão de Powell está sendo avaliada cuidadosamente.
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