Nos primeiros sete meses de 2025, a cidade de Campinas (SP) observou um expressivo aumento de 44,5% nas reclamações referentes à demora ou não entrega de imóveis novos, conforme dados do Procon-SP. Este cenário acende um alerta para consumidores e profissionais do setor imobiliário, levantando a questão: o que está por trás desse aumento e como os compradores podem se proteger?
Aumento das reclamações no setor imobiliário
Entre janeiro e julho deste ano, Campinas registrou 646 reclamações relacionadas à entrega de imóveis novos, em comparação às 447 reportadas no mesmo período de 2024. O mês de julho teve o maior número de queixas, totalizando 128 registros. Para muitos, a expectativa de adquirir a casa própria se transforma em frustração devido a atrasos, o que tem gerado preocupação no mercado.
De acordo com o advogado João Castro, especialista em Direito do Consumidor, esse aumento parece correlacionar-se com o aquecimento do mercado imobiliário nos últimos anos. A redução nas taxas de juros proporcionou uma venda exponencial de imóveis, mas à medida que a demanda cresce, os desafios na entrega se ampliam.
Como agir diante do atraso na entrega?
Castro aconselha que a primeira medida a ser tomada pelo consumidor diante do não cumprimento do prazo de entrega é o envio de uma notificação extrajudicial à construtora. Esta notificação é um passo importante para formalizar o atraso e trazer à tona a situação. “É fundamental não deixar essa questão em aberto, pois a notificação é uma forma de assegurar que seu direito está sendo reivindicado”, explica.
Ele prossegue dizendo que, na falta de uma solução da construtora, o consumidor pode recorrer ao Procon, que atua como mediador. “Existem instâncias extrajudiciais que podem ajudar antes que o consumidor pense em um processo judicial”, orienta.
Consequências financeiras do atraso
A situação financeira para aqueles que estão aguardando a entrega de sua nova residência pode ser desafiadora. O engenheiro ambiental Gabriel Aleje, que também foi afetado pelas demoras, relatou que já acumulou mais de R$ 10 mil em juros de obra, uma cobrança feita até a entrega das chaves. “Estamos em um limbo, sem saber até quando iremos pagar esses custos”, lamenta.
A boa notícia é que, segundo Castro, muitos dos prejuízos acumulados durante o período de espera podem ser ressarcidos. Isso inclui não apenas os juros de obra, mas também possíveis valores referentes a aluguéis pagos durante a espera e, em casos específicos, danos morais. “Consumidores têm o direito de ser compensados pelos prejuízos que enfrentam devido a atrasos na entrega”, afirma o especialista.
O panorama do setor imobiliário em Campinas
Os dados do Procon mostram um cenário que levanta questões críticas sobre o futuro do mercado imobiliário em Campinas. Enquanto a cidade vê um crescimento nas vendas e novos lançamentos, o desafio da entrega se torna um ponto focal que necessita de atenção. Especialistas advogam que uma maior transparência e melhor gestão nas construtoras poderiam mitigar muitos dos problemas relatados pelos consumidores.
O futuro das entregas de imóveis em Campinas
A alta nas reclamações e as dificuldades enfrentadas pelos consumidores em Campinas indicam que tanto o mercado imobiliário quanto os consumidores devem se adaptar a essa nova realidade. A conscientização sobre os direitos dos consumidores é essencial, assim como a responsabilidade das construtoras em cumprir com os prazos estabelecidos.
Como as reclamações aumentam, fica evidente que a infraestrutura e a capacidade de entrega devem ser priorizadas pelas empresas do setor. Apenas assim, será possível garantir a confiança dos consumidores e a sustentabilidade do mercado imobiliário em Campinas.
Para mais informações e atualizações sobre a situação do mercado imobiliário e outros temas de interesse, acompanhe as notícias na plataforma g1 Campinas.
