As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024 provocaram danos incalculáveis em várias cidades, afetando diretamente o comércio local. Marion de Oliveira, proprietário de uma loja de artigos de couro na região central do estado, é um dos muitos comerciantes que sentem os efeitos dessas enchentes. O empresário viu seu faturamento despencar em 50% e teve que demitir funcionários devido à drástica redução nas vendas.
A situação das estradas e o impacto nos negócios
A loja de Marion está localizada à beira da RSC-287, próxima ao ponto onde uma ponte sobre o Rio Arroio Grande desabou. A estrutura que antes facilitava a travessia agora é apenas uma lembrança, e a travessia atual é feita por uma ponte provisória, que enfrenta várias interrupções e gera longas filas em momentos de “pare e siga”. Isso, claro, afugenta os clientes.
Segundo o comerciante, “o pessoal que tem horário em aeroporto ou consultas médicas em Porto Alegre prefere não vir por essa estrada. Prefere pegar um caminho mais longo para ter mais previsibilidade sobre o horário de chegada”. Como resultado, o movimento da loja caiu drasticamente, e, após 22 anos de funcionamento, ele enfrenta a crise mais severa de toda sua carreira.

Consequências das enchentes para a infraestrutura
O que aconteceu em 2024 não é um caso isolado. A Confederação Nacional de Transportes (CNT), através de uma pesquisa chamada “Pontos Críticos das Rodovias”, indicou que o Brasil enfrenta gargalos logísticos devido à queda de pontes que ainda não foram reparadas. Essa situação se agrava com o levantamento do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), que aponta cerca de 775 pontes em estradas federais condenadas, sendo que muitas dessas estruturas foram consideradas em estado muito ruim ou crítico após vistorias técnicas.
Marion não é o único. Muitos comerciantes da região central do Rio Grande do Sul enfrentam desafios semelhantes, pois a falta de acesso direto e a insegurança nas estradas têm afastado os clientes. A conexão entre pequenas cidades e grandes centros urbanos está comprometida, e o impacto negativo nas vendas é palpável.
Repercussões na saúde e segurança
Além dos comerciantes, a população também sente os efeitos colaterais das enchentes e da infraestrutura em colapso. Muitas ambulâncias têm que cortar filas para realizar atendimentos de emergência, e a percepção de insegurança nas estradas tem feito com que as pessoas evitem viajar, mesmo em casos urgentes. Isso evidencia a urgência da recuperação das estradas e a necessidade de investimento em infraestrutura para garantir a segurança dos cidadãos.
Ação necessária para a recuperação
Com o verão se aproximando, muitos se perguntam: o que será feito para restaurar essas condições? Especialistas em infraestrutura e representantes do governo devem intensificar esforços para acelerar as reconstruções das pontes e garantir a revitalização das rodovias. É imperativo que ações sejam tomadas rapidamente para prevenir mais danos ao comércio e à segurança da população.
Enquanto isso, Marion e outros comerciantes da região são forçados a lidar com uma realidade difícil, onde cada dia que passa é uma luta para manter os negócios abertos e as famílias empregadas. Eles aguardam soluções práticas e rápidas que possam revitalizar as cidades e trazer de volta a confiança dos clientes.
Em suma, a situação no Rio Grande do Sul serve como um alerta do quão vulneráveis nossas estruturas podem ser. Os desastres naturais não apenas afetam a natureza, mas também o cotidiano das pessoas que dependem dessas estradas e pontes para seus meios de subsistência.
Um Brasil que desmorona
O Metrópoles publicou, em 13 de agosto, uma reportagem especial intitulada “Um Brasil que desmorona”, que investiga os impactos do colapso de pontes em vários estados, ressaltando a necessidade urgente de intervenções governamentais para evitar que mais comerciantes e cidadãos sofram como Marion e muitos outros no Brasil.


