O governo federal apresentou nesta quarta-feira (13) o Plano Brasil Soberano, uma série de ações destinadas a apoiar empresas brasileiras afetadas pela sobretaxa de 50% sobre exportações aos Estados Unidos, vigente desde 6 de agosto. Entre as principais medidas está uma linha de crédito de até R$ 30 bilhões, voltada a pequenas e médias empresas que tenham registro de prejuízos decorrentes da tarifa americana.
Reações divergentes sobre o efeito do plano
Especialistas ouvidos pelo Portal iG divergem quanto à eficácia das ações anunciadas pelo governo.Para a economista Luiza Sampaio, a Medida Provisória é estratégica e pode ser eficiente se bem implementada. “O nome Brasil Soberano remete à defesa da nossa autonomia econômica. Essa iniciativa, se aplicada corretamente, pode evitar a perda de até 150 mil empregos em dois anos, um dado preocupante considerando famílias que dependem desses salários”, afirmou ao iG.
Ela destacou ainda que o fundo garantidor de exportações — que usará recursos do Fundo de Garantias de Exportação — poderá impulsionar investimentos em setores estratégicos e reduzir a vulnerabilidade brasileira ao mercado norte-americano. “Prorrogar suspensões tributárias, ampliar restituições e fortalecer a busca por novos parceiros comerciais são ações que, se bem executadas, podem diminuir o impacto do tarifaço”, acrescentou.
Visões críticas sobre as medidas do governo
Por outro lado, Marcelo Godke, sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Internacional Empresarial, classifica o plano como ineficaz e de curto prazo. “Ao conceder crédito para manter preços competitivos nos EUA, o governo brasileiro acaba subsidiando o imposto de importação, que na prática recairá sobre os produtores nacionais. Além disso, não há planejamento de longo prazo, apenas medidas paliativas”, criticou ao iG.
Godke reforçou que o programa é uma tentativa de alívio momentâneo e que o País precisa de ações estruturais, como desburocratização e estímulo à produção. “O verdadeiro desafio é estabelecer uma estratégia de diversificação de mercados e fortalecer a competitividade brasileira”, afirmou.
Incertezas e possibilidades de recuperação
Para o economista Cicero Pimenteira, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), há uma “zona cinza” em torno da postura de Donald Trump. “Ainda não se sabe se a tarifa será mantida ou revogada, pois há demandas complexas no mercado americano que podem alterar essa decisão”, explicou ao iG. Ele ressaltou o potencial de os brasileiros ampliarem suas exportações para outros países, tornando-se menos dependentes dos EUA.
Pimenteira acredita que a medida, embora temporária, oferece tempo para que as empresas se preparem e busquem novos mercados. “Diante da possibilidade de retorno ao equilíbrio comercial em três anos, o Brasil ganha uma janela de oportunidade para fortalecer sua capacidade exportadora, mesmo em meio às incertezas políticas internacionais”, concluiu.
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