A Florida autorizou oficialmente a realização da primeira caça a ursos-pardo em uma década, após votação unânime na manhã de quarta-feira pela Comissão de Conservação de Peixes e Vida Selvagem (FWC). A medida ocorreu mesmo com forte resistência de organizações ambientalistas e defensores dos direitos animais.
Decisão e contexto da caça ao urso-pardo na Flórida
A votação aconteceu após uma audiência com mais de uma hora de testemunhos públicos na cidade de Havana, no Panhandle, região próxima à capital Tallahassee. Durante o debate, apoiadores argumentaram que a superpopulação de ursos vem causando prejuízos às comunidades locais, exigindo um controle regulado da espécie.
Segundo dados oficiais, a população de ursos na Flórida teria aumentado para cerca de 4 mil animais, especialmente após a classificação como espécie ameaçada em 1974, mantendo crescimento constante até 2012. A última caça oficial foi em 2015, quando mais de 300 ursos foram abatidos em apenas 48 horas, incluindo mães e filhotes, o que levou à suspensão da temporada.
Controvérsias e opiniões contrárias à caça
Ambientalistas e grupos de proteção animal criticaram a medida, alegando que um único ataque — como o ocorrido com um idoso de 89 anos em Collier County — não justifica o abate de uma espécie protegida. Além disso, argumentam que a caça pode abrir precedentes para destruição ainda maior de habitats naturais na região.
A organização Bear Warriors United entrou com uma ação judicial de última hora na terça-feira, buscando impedir a realização da caça. Na audiência, apoiadores da caça vestiam roupa laranja, enquanto opositores usaram preto e slogans como “Pare a caça aos ursos” e “Proteja os animais”.
Critérios e detalhes da temporada de caça
O FWC irá determinar quem poderá participar da caça por meio de um sorteio de 187 permissões. Os caçadores terão permissão para usar arcos e armas de fogo, incluindo rifles, pistolas, espingardas e armas de compartimento. Também serão autorizados o uso de iscas alimentícias e cães treinados para a caça.
Segundo a comissão, a prática busca equilibrar a população de ursos com o habitat disponível, que atualmente suporta o número de animais. O organismo destacou que, se as quatro maiores subpopulações continuarem crescendo ao ritmo atual, o habitat poderá não ser suficiente no futuro.
Perspectivas futuras e impactos da decisão
Autoridades afirmam que a caça será uma ferramenta eficaz na gestão da fauna, contribuindo para evitar problemas com a superpopulação e preservar o equilíbrio ecológico. Ainda assim, organizações de proteção ambiental alertam para os riscos de consequências negativas à biodiversidade local.
Especialistas indicam que o debate continuará, enquanto a caça ao urso-pardo deve começar com a liberação dos sorteios e o início oficial da temporada de caça. A decisão reflete uma tensão maior entre conservação e interesses de comunidades e indivíduos que defendem o controle da espécie.