Brasil, 13 de agosto de 2025
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Duralex entra em recuperação judicial após décadas de história

Marca francesa icônica de vidros enfrenta crise profunda, afetando mercado mundial e a memória afetiva brasileira

Após mais de 70 anos de tradição, a fabricante francesa de vidros temperados Duralex entrou em recuperação judicial em abril de 2024, ameaçando seu legado e presença global, incluindo o Brasil.

A trajetória difícil e os fatores que levaram à crise da Duralex

A história da Duralex, sinônimo de resistência e design clássico, começou a se complicar em 2017, com o investimento em um novo forno que logo apresentou falhas técnicas, reduzindo sua capacidade de produção de 160 para 20 toneladas diárias, conforme relatos da época. Essa redução resultou em prejuízos financeiros acumulados ao longo dos anos.

O cenário agravou-se com a pandemia de COVID-19, que em 2020 causou uma queda de 60% no volume de negócios, já que cerca de 80% da atividade da Duralex dependia de exportações. O fechamento de restaurantes, lojas e a suspensão de pedidos internacionais intensificaram a crise.

Em 2022, a guerra na Ucrânia elevou os custos de energia, especialmente gás e eletricidade, essenciais para a fabricação do vidro, levando à suspensão da produção por cinco meses e à deterioração ainda maior da presença da marca no mercado mundial.

Intervenções, apoio do governo francês e entrada em recuperação judicial

Reconhecendo a importância da Duralex para a indústria francesa, o governo concedeu um empréstimo emergencial de 15 milhões de euros (cerca de R$ 94,7 milhões), ajudando a manter empregos e a produção temporariamente. Mesmo assim, os números de faturamento caíram de 29,4 milhões de euros em 2022 para menos de 26 milhões em 2023, evidenciando a gravidade da crise.

No dia 24 de abril de 2024, o Tribunal de Comércio de Orléans aceitou o pedido de recuperação judicial, colocando a companhia em um período de observação de seis meses para viabilizar uma solução de reestruturação ou venda. Três propostas distintas surgiram, incluindo uma liderada pelos próprios funcionários, que defendem a formação de uma cooperativa e a preservação de todos os empregos.

A virada: trabalhadores no comando da Duralex

Em julho de 2024, a decisão do tribunal favoreceu a proposta da cooperativa liderada pelos empregados, transformando a Duralex em uma sociedade cooperativa (SCOP). A mudança simboliza uma tentativa de preservar uma peça da cultura industrial francesa, embora traga desafios de gestão e sustentabilidade financeira.

Repercussões no Brasil e o legado da Duralex

No Brasil, a Duralex conquistou uma forte presença a partir da segunda metade do século 20, especialmente por sua durabilidade e preço acessível. Copos como o Gigogne, de 1946, e o Picardie, de 1954, marcaram gerações e foram símbolo de resistência em lares, escolas e restaurantes por décadas.

A conexão emocional com a marca explica a comoção social brasileira, onde as memórias de uso e resistência à queda permanecem vivas. Mesmo operando separadamente, a Duralex no Brasil, sob a gestão da Nadir Figueiredo, acompanha com atenção o desfecho da crise na matriz francesa.

Até o momento, a Nadir Figueiredo não revelou detalhes sobre estratégias ou possível impacto no mercado brasileiro. A história da Duralex reforça o desafio de manter marcas tradicionais frente a crises econômicas, tecnológicas e globais.

Para mais informações sobre as recentes mudanças, acesse o site do iG Economia.

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