A história de Carlos Betonio, um maranhense residente no Distrito Federal, revela os desafios enfrentados durante o tratamento contra o câncer de próstata. Além do diagnóstico inicial, Carlos descobriu que tinha uma doença rara, a síndrome de Stevens-Johnson, que agrava ainda mais a sua batalha contra a doença. Esta síndrome é uma reação adversa grave, geralmente provocada por medicamentos ou infecções, que pode afetar severamente a pele e as mucosas.
Diagnóstico inesperado em meio ao tratamento
Carlos se mudou para Brasília nos anos 1990 e construiu uma nova vida, trabalhando na agricultura ao lado da família. Na pandemia, optou por retornar ao Piauí, mas em 2023, um diagnóstico de câncer de próstata o fez voltar a Brasília para tratamento. Durante o processo, em agosto de 2024, ele começou a sentir novos sintomas que levantaram alarmes: “Comecei a sentir uma alergia, uma coceira, empolando tudo”, recorda Carlos.
Após consultar médicos, ele foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, a princípio, encaminhado para a ala de queimados do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). O diagnóstico da síndrome veio no Hospital Regional de Sobradinho, após uma série de testes que se prolongaram por 80 dias em semi-UTI. Recebendo cuidados intensivos, Carlos experimentou um tratamento que incluía higienização frequente do corpo e aplicação de óleo de girassol na pele, além de um elevado consumo de água para aliviar a sensação de queimadura.
Entendendo a síndrome de Stevens-Johnson
A síndrome de Stevens-Johnson, conforme explica a dermatologista Luana Portela, é uma reação adversa rara, mas potencialmente fatal, frequentemente causada pelo uso de medicamentos ou infecções. Entre os medicamentos que podem desencadear essa condição estão antibióticos, anti-inflamatórios e anticonvulsivantes. Os primeiros sinais da síndrome geralmente se assemelham a sintomas gripais, mas rapidamente evoluem para erupções cutâneas e bolhas dolorosas.
“A principal causa é medicamentosa; por isso, é vital que pacientes não usem medicamentos sem a orientação adequada. O diagnóstico precoce é fundamental neste tipo de condição”, orienta a dermatologista. É importante ressaltar que a síndrome de Stevens-Johnson não é contagiosa, e com o tratamento adequado, a pele pode se regenerar com o tempo, sem a necessidade de enxertos.
Carlos e sua nova realidade
Após o diagnóstico, Carlos não apenas receberá acompanhamento médico em Brasília, mas também fará parte de um estudo sobre a síndrome que está sendo conduzido por uma universidade nos Estados Unidos. Ele confessa a incerteza quanto às causas: “Nunca disseram o porquê, de onde veio, se foi do sangue, dos remédios ou da hemodiálise”, afirmando o desespero que acompanha diagnósticos incertos.
A experiência de Carlos é um alerta sobre os riscos associados ao uso de medicamentos e a importância do acompanhamento médico em tratamentos de saúde complexos. Apesar das dificuldades, ele demonstra resiliência e força, buscando compreender melhor a própria condição e encontrando apoio na comunidade médica.
A importância da conscientização
A história de Carlos Betonio não é apenas um relato pessoal; ela ressalta a importância da conscientização sobre doenças raras e os desafios que pacientes enfrentam em seus tratamentos. A síndrome de Stevens-Johnson é uma condição que merece atenção, e o conhecimento sobre ela pode ajudar na detecção precoce e no tratamento eficaz.
Assim, o caso de Carlos serve como um lembrete da necessidade de informações adequadas e um acompanhamento médico apropriado durante processos de tratamento de câncer e outras doenças graves. Que sua jornada inspire outros a buscarem o suporte necessário em momentos de dificuldade.
Para mais informações sobre a síndrome de Stevens-Johnson e outros assuntos relacionados à saúde, acesse as atualizações no site do g1 DF.