Delelgados do terceiro Congresso Pan-Africano de Teologia, Sociedade e Vida Pastoral, realizado em Abidjan, na Costa do Marfim, de 5 a 10 de agosto, ressaltaram a necessidade de apoiar missionários africanos enfrentando dificuldades em suas missões, sobretudo por questões migratórias e de racismo.
Apelo por unidade e autossuficiência da Igreja africana
Ao final do encontro, os participantes declararam que divisões como etnia e racismo não devem impedir a evangelização na África e além do continente. Ressaltaram que a autossuficiência é fundamental para a Igreja africana, não como isolamento, mas como participação madura na comunhão universal da fé.
“Isto implica apoiar missionários africanos que atuam em regiões onde enfrentam racismo e restrições migratórias”, afirmaram os delegados, reforçando o compromisso de que a Igreja no continente continue a transitar de uma missão receptora para uma Igreja de envio e compartilhamento de dons.
Contribuição africana na Igreja universal
Reconhecendo o avanço da Igreja na África, os participantes destacaram que ela evoluiu de uma Igreja que apenas recebia o Evangelho para uma “Igreja de as sementes”, que compartilha recursos e envia missionários ao mundo. “Queremos aprofundar essa transformação como discípulos missionários do Senhor, tanto na África quanto no mundo”, sinalizaram.
Importância da sinodalidade e superação de divisões
Inspirados no< a href="https://www.aciafrica.org/news/930/pope-francis-announces-a-2022-synod-on-synodality" target="_blank" rel="noopener noreferrer nofollow">Sínodo sobre Sinodalidade, os delegados ressaltaram que a missão de evangelizar deve caminhar pela via da comunhão, superando diferenças de etnia, status social ou ideologia.
Desafios atuais e fracturas na missão na África
O apelo ocorre em meio a frustrações crescentes, especialmente de sacerdotes estrangeiros, expulsos da África Austral por questões de vistos). Recentemente, dois padres ugandeses tiveram que abandonar suas missões na África do Sul devido à renovação de seus vistos não ter sido bem-sucedida.
O presidente da< a href="https://sacbc.org.za/about/#aboutus" target="_blank" rel="noopener noreferrer nofollow">Confederação Episcopal da África Austral, Cardeal Stephen Brislin, manifestou solidariedade aos sacerdotes expulsos, recomendando que eles não percam a esperança e tentem resolver a situação.
Temas centrais do congresso e perspectivas de fortalecimento
Organizado pela< a href="https://pactpan.org/" target="_blank" rel="noopener noreferrer nofollow">Rede Pan-Africana de Teologia e Pastoral, o evento contou com a participação de teólogos, bispos, sacerdotes, religiosas, leigos, jovens e comunicadores, abordando temas como a contribuição da África para a Igreja global, a valorização das mulheres e dos jovens, além de questões urgentes como tráfico humano, perseguição religiosa e degradação ambiental.
Os participantes defenderam uma Igreja africanizada, gerando recursos de forma transparente e investindo na formação teológica, pesquisa e na construção de instituições sustentáveis de evangelização, saúde e assistência social.
Esperança fundamentada em Cristo e no povo africano
Ao final, os delegados reafirmaram a África como um “presente ao mundo”, destacando suas riquezas de fé, cultura e valores tradicionais de solidariedade e hospitalidade. Inspirados pela mensagem do Papa Leo XIV, afirmaram que a esperança é uma pessoa: Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado, cujo exemplo fortalece a missão de renovação e reconciliação na África.
“A esperança, enraizada em Cristo, nos dá força para resistir às crises, às guerras, à violência, à pobreza e às mudanças climáticas, promovendo a cura de feridas causadas pelo deslocamento, migração forçada e perda da dignidade humana”, enfatizaram.
Esta nota foi originalmente publicada pela ACI Africa, parceira de CNA na África, e adaptada para o português.