Brasil, 13 de agosto de 2025
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Bancada do PL discute punição a deputados após motim na Câmara

Reunião interna do PL abordou possíveis punições a bolsonaristas envolvidos em motim durante protesto contra decisões do STF.

A bancada do Partido Liberal (PL) se reuniu nesta terça-feira para discutir estratégias em resposta à possível punição de 14 deputados bolsonaristas, que foram denunciados por sua participação em um motim na Câmara dos Deputados, ocorrido na semana passada. Durante a reunião, que aconteceu a portas fechadas, parlamentares criticaram a cúpula da Casa por supostamente “pinçar” determinados nomes do grupo que bloqueou o plenário, impedindo a votação de propostas importantes.

A indignação da bancada do PL

Um dos integrantes mais exaltados durante a reunião foi o deputado Daniel Freitas (PL-SC). Freitas expressou sua insatisfação e descontentamento, enfatizando que a bancada não poderia “ficar olhando pela janela” enquanto colegas enfrentavam possíveis punições. Ele sugeriu que a cúpula da Câmara poderia tentar equilibrar a narrativa ao punir também membros da oposição, citando especificamente a deputada petista Camila Jara (PT-MS) como um potencial alvo.

Relações tensas entre aliados e opositores

Freitas afirmou: “Daqui a pouco a cúpula pega o Zé Trovão (PL-SC), que impediu a entrada do presidente da Câmara, Hugo Motta, e também a Camila Jara do lado oposto. É um de cada lado. O Zé Trovão vai ser punido e cada um de nós vai ficar olhando pela janela? Então, precisamos de uma estratégia para isso.” Essas declarações refletem a preocupação da bancada em relação à maneira como as punições poderiam ser aplicadas de forma desigual.

Camila Jara, por sua vez, foi alvo de uma representação apresentada pelo líder do PL, Sóstenes Cavalcante, que a acusa de agredir o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) durante a confusão que se seguiu à retirada dos manifestantes da Mesa diretora. As imagens mostram Jara empurrando Ferreira, que acabou caindo, mas a deputada nega a agressão, alegando apenas ter reagido à pressão física durante o tumulto.

A busca por uma estratégia unida

Durante a discussão, o deputado Bibo Nunes (PL-RS) interrompeu Freitas, dizendo que teria “muita honra” em ser sancionado, refletindo um sentimento de solidariedade entre alguns membros da bancada. A reunião do PL aconteceu logo após uma assembleia de líderes da Câmara, na qual o projeto de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro não foi sequer discutido, aumentando a frustração dos parlamentares bolsonaristas.

Freitas também queixou-se de ter sido excluído da lista de presença no plenário desta semana, apesar de sua participação na ocupação que paralisou os trabalhos. Essa exclusão parece ter aumentado ainda mais a pressão dentro da bancada, que se vê em um momento difícil diante das repercussões das ações de seus membros.

Motim e suas consequências

O motim, que durou cerca de 30 horas, foi desencadeado após uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que decretou prisão domiciliar para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Durante o tumulto, deputados da oposição ocuparam as mesas da Câmara e do Senado, bloqueando votações e pressionando a análise de propostas, incluindo uma PEC que visa o fim do foro privilegiado.

Essa crise interna na Câmara foi exacerbada pelo fato de que o acordo que pôs fim à ocupação foi mediado pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sem a participação do atual presidente, Hugo Motta (Republicanos-PB). Alguns aliados de Motta afirmam que ele sentiu sua autoridade sendo testada e reagiu defendendo o que chamou de “punições pedagógicas” aos envolvidos.

Próximos passos e expectativas

Na última segunda-feira, o corregedor Diego Coronel (PSD-BA) anunciou que seguirá os procedimentos estabelecidos em um ato de 2009, que prevê até 50 dias úteis para a análise dos casos, com cinco dias para a defesa. As penalidades podem variar de advertências a suspensões de mandato por até seis meses. Essa duração mais extensa, segundo defensores, poderia reduzir o risco de acusações de parcialidade e abrir espaço para negociações políticas.

No entanto, a perspectiva dentro do PL é de que esse prolongamento pode manter a pressão sobre os deputados investigados, fornecendo espaço para manobras políticas que possam enfraquecer a defesa deles. Para os dirigentes do PL, suspender um número elevado de deputados de uma só vez poderia acarretar altos custos políticos e atrasar votações essenciais, um risco que o partido busca evitar.

Enquanto isso, o caso de Camila Jara continua sendo observado como uma possível ferramenta de barganha para influenciar o desfecho do processo contra os bolsonaristas, deixando a situação política ainda mais tensa e imprevisível.

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