No Alasca, a capital Juneau se prepara para a iminente chegada de inundações que podem romper recordes históricos. As águas da chuva e o derretimento da neve estão fluindo de um reservatório represado pela geleira Mendenhall, preocupando moradores e autoridades locais.
A evacuação em massa em Juneau
Alguns residentes de Juneau, que se encontram na zona de inundação, já evacuaram suas casas, atendendo às recomendações dos órgãos de emergência. As autoridades locais não apenas intensificaram os avisos, mas também emitiram uma mensagem clara: “Não espere, evacue esta noite.” No início da manhã de terça-feira, as autoridades confirmaram que a água havia começado a escapar da represa de gelo, com inundações previstas até a quarta-feira.
O impacto da geleira Mendenhall
A geleira Mendenhall, situada a cerca de 20 quilômetros de Juneau, é um famoso ponto turístico que atrai tanto moradores locais quanto visitantes. A região, que abriga cerca de 30 mil pessoas, viu suas casas se tornarem alvos das inundações. Os habitantes da cidade vivem próximos ao lago Mendenhall, que se encontra abaixo da geleira, e muitos têm os seus lares na margem do rio Mendenhall, por onde as águas estão escoando. De acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia (NWS), espera-se que o pico das inundações ocorra entre 8h da manhã e meio-dia, no horário local.
Previsões meteorológicas e preocupações com o clima
Com base nas informações disponíveis, os meteorologistas acreditam que as inundações deste ano podem estabelecer novos recordes. Nicole Ferrin, uma meteorologista do NWS, afirmou em uma coletiva de imprensa que “este será um novo recorde, com base em todas as informações que temos”. Desde 2011, as inundações na região se tornaram uma preocupação anual. Nos últimos anos, as inundações levaram casas embora e inundaram centenas de residências, resultando na necessidade de barreiras temporárias para proteger as propriedades.
As inundações são uma consequência do recuo de uma geleira menor próxima à Mendenhall, conhecida como “Suicide Basin”. Este reservatório se enche de água da chuva e do derretimento da neve a cada primavera e verão, e quando a pressão da água se torna suficientemente alta, ela força a passagem sob ou ao redor da represa de gelo criada pela geleira Mendenhall, resultando em inundações no lago e, subsequentemente, no rio Mendenhall.
A resposta das autoridades
Nos anos anteriores, Juneau enfrentou inundações consecutivas em 2023 e 2024, com o rio atingindo um pico de 4,88 metros em agosto do ano passado, superando o recorde anterior. As previsões indicavam que este ano o nível de inundação poderia atingir entre 4,95 e 5,12 metros, com uma probabilidade maior de 5,1 metros.
Na última onda de inundações, quase 300 residências foram danificadas. Um vídeo que circulou nas redes sociais dois anos atrás mostrou árvores altíssimas desmoronando à medida que a água desgastava a margem do rio Mendenhall, levando junto uma casa que estava prestes a cair.
Um grande evento de saída de água pode liberar cerca de 56,8 milhões de litros, equivalente a quase 23 mil piscinas olímpicas. O fluxo de água durante a inundação do ano passado foi praticamente metade do de Niagara Falls, conforme revelaram estudos da Universidade de Alasca e do Centro de Ciência da Adaptação Climática do Alasca.
Preparações em andamento
Para conter os danos potenciais, as autoridades locais trabalharam em conjunto com entidades estaduais, federais e tribais para instalar uma barreira temporária ao longo de cerca de 4 quilômetros da margem do rio. As 10 mil barreiras “Hesco” são essencialmente grandes sacos de areia que visam proteger mais de 460 propriedades completamente durante um evento de inundação de 5,5 metros.
O Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA está no início de um processo que pode durar anos para estudar as condições da região e analisar opções para uma solução mais permanente, como a construção de uma represa. No entanto, esse cronograma gerou descontentamento entre os cidadãos, que consideram a espera exagerada.
À medida que a geleira Mendenhall continuar a atuar como uma represa de gelo, espera-se que as inundações continuem a ocorrer nos próximos 25 a 60 anos.
